MAR é palco da FLIP::FLUP

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O encontro das duas badaladas festas literárias, de Paraty e das Periferias, vai colocar em pauta a importância do pensamento anticolonial.

Localizado próximo ao Cais do Valongo, o maior porto de pessoas escravizadas do mundo, o Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, será palco de um dia inteiro dedicado à importância do pensamento anticolonial com o encontro de dois badalados eventos literários, a FLIP::FLUP. O encontro acontece no dia 15 de julho, um dia após o fim da Festa Literária de Paraty, e antecipa a Festa Literária das Periferias, que acontece em outubro deste ano. As atividades têm início às 10h e vão reunir autores como Grada Kilomba (Portugal), Grace Passô (Brasil), Nina George (Alemanha), Joelle Taylor (Reino Unido) e Hermano Vianna (Brasil), entre outros. Na segunda-feira do evento, o Pavilhão de Exposições do MAR estará excepcionalmente aberto ao público para visitação, com entrada gratuita, das 10h às 17h. 

“Muita coisa aconteceu desde a primeira FLIP::FLUP, em 2012, primeira ação internacional da nossa história. Mas foi ali, quando o escritor nigeriano, Teju Cole, disse ser a primeira vez que ele falava para um público como ele, que entendemos ser impossível agir na periferia sem levar em conta a questão racial”, lembra Julio Ludemir, idealizador da FLUP. “Realizar a FLIP::FLUP no MAR, assim como as demais atividades integradas na FLUP, nos ajuda a aprofundar a dimensão pública de nosso trabalho; nos permite ainda enfrentar o racismo e o machismo que estão na estrutura de nossa sociedade e avançar no sentido da tão necessária democracia cultural”, completa Izabela Pucu, coordenadora de educação do MAR. 

A programação traz uma série de encontros que prometem provocar o público presente. Logo na primeira mesa, às 10h, Antonio ForcellinoJesper Stub JohnsenJuan Manuel Bonet e Mário Chagas trazem à tona questionamentos sobre o modo de construção dos acervos das instituições, sob medição do diretor cultural do MAR, Evandro Salles. Em seguida, às 14h, Hermano ViannaKalaf Epalanga e Quito Ribeiro, mediados por Julio Ludemir, conversam sobre os deslocamentos culturais. Os dois últimos encontros colocarão o feminismo em pauta. Às 16h, Grace PassôNina George Joelle Taylor se reúnem à Izabela Pucu, que faz a mediação, para falar sobre a importância de se levar em consideração a questão da diversidade. Já às 18h, acontece a mesa em que se espera mais público, com Flávia Oliveira e Grada Kilomba, que está lançando seu aclamado livro “Memórias da Plantação: episódios do racismo cotidiano” no Brasil, conversam sobre o feminismo negro, com mediação de Ana Paula Lisboa.  

Finalizando a edição de 2019 da FLIP::FLUP, acontece uma noite de autógrafos da autora Grada Kilomba na Casa Porto (Largo São Francisco da Prainha, 4). A programão completa segue abaixo. Inscrições no site do Museu de Arte do Rio: www.museudeartedorio.org.br. 

  

  

Programação completa: 

·        10h às 17h – Pavilhão de Exposições aberto ao público gratuitamente 

·        10h – Credenciamento e retirada de aparelhos de tradução 
 
·        10h30 – 12h30 – Mesa 1 – Catálogo de esquecimentos 

Auditório. 80 lugares. Haverá tradução simultânea para Português e LIBRAS. 

Os museus têm sido apresentados como santuários do saber – no sentido religioso, cultural, científico e até mesmo ecológico. Mas essa espécie de reserva civilizatória tem impedido uma reflexão sobre o que suas narrativas ocultam – como por exemplo o modo e a que preço seus acervos foram construídos. Que forças operam na constituição e na atuação dos museus? Temos o direito de perguntar o que está oculto em cada um de seus projetos ou exposições? 

Palestrantes: 

Antonio Forcellino – Arquiteto, escritor e restaurador, é autor da trilogia O Século dos Gigantes e trabalhou na restauração de obras como o David de Michelangelo, dos afrescos do Palazzo Barberini, em Roma. 

Juan Manuel Bonet – Diretor do Centro de Arte Reina Sofia, Madri 

Jesper Stub Johnsen – Diretor de Pesquisa, Coleções e Conservação do Museu Nacional da Dinamarca 

Mario Chagas – Diretor do Museu da República, um dos idealizadores do IBRAM, membro do Museu das Remoções. 

Mediação: Evandro Salles  

 ·        14h – 15h30 – Mesa 2 – E por falar em placas tectônicas 

Pilotis. Não haverá inscrição. 450 lugares. 300 pontos de tradução simultânea distribuídos por ordem de chegada. Haverá tradução para LIBRAS.  

A sociedade, assim como a terra na qual brotamos em uma noite inesperada, vive em constante deslocamento. Essas mudanças, que quase sempre acontecem longe dos olhos do establishment e do mainstream, costumam vir acompanhadas de novos ritmos musicais. Como o funk, o kuduro e outros gêneros musicais criaram uma nova ordem e uma nova noção de centro para o mundo? 

Palestrantes: 

Hermano Vianna, antropólogo e diretor de televisão 

Kalaf Epalanga, produtor musical e escritor angolano radicado em Lisboa 

Quito Ribeiro, músico e agitador cultural carioca 

Mediação: Julio Ludemir 
 
 ·       15h30 – 16h – Interlúdio com Taísa Machado – Afrofunk 

Pilotis. Não haverá inscrição. 450 lugares.  
 
 ·        16h30 – 18h – Mesa 3 – Diversidade é uma palavra feminina 

Pilotis. Não haverá inscrição. 450 lugares. 300 pontos de tradução simultânea distribuídos por ordem de chegada. Haverá tradução para LIBRAS. 

As turcas de burca, as alemãs que cresceram sob a vergonha nazista e as negras com as mãos calejadas pelo trabalho doméstico – todas elas, elas e todas as mulheres, conhecem o hálito azedo do macho opressor. Mas o feminismo, além de complexo, pode se tornar um objeto de disputa se não levar em consideração essas minúcias e complexidades.  

Participantes: 

Grace Passô – Atriz, diretora e dramaturga mineira 

Nina George – Romancista e feminista alemã, com três livros publicados no Brasil 

Joelle Taylor – Premiada poeta, slammer e dramaturga inglesa. 

 Mediação: Izabela Pucu  

 ·        18h30 – 20h – Mesa 4 – Anastácias redivivas – O feminismo negro em meio à tempestade 

Pilotis. Não haverá inscrição. 450 lugares. Haverá tradução para LIBRAS. 

Não é de hoje que tentam calar a mulher negra – como bem o demonstra a imagem da Escrava Anastácia, onipresente no inconsciente coletivo brasileiro. O racismo estrutural sobre o qual se constituiu nossa sociedade já não ousa amordaçá-la em praça pública com aquela máscara de ferro, mas o assassinato da vereadora Marielle Franco está longe de ser a última violência contra os desejantes discursos da empoderada geração de Ana PaulasDjamilasSuelysFlávias e Giovanas. 

Participantes: 

Grada Kilomba – Escritora e dramaturga portuguesa, radicada em Berlim 

Flavia Oliveira – Jornalista carioca 

Mediação: Ana Paula Lisboa   

 ·        21h – 00h – Noite de autógrafos com Grada Kilomba 

Casa Porto – Largo São Francisco da Prainha, 4 – Saúde,  

Sujeito à lotação.