Apesar de ser proibido no Brasil, o trabalho infantil ainda é um problema social bastante recorrente e preocupante em nosso país, afetando cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita no ano de 2015.
Essa prática, na maioria das vezes, ocorre pela falta de condição financeira de famílias, que acabam colocando os menores de idade para ajudarem no trabalho, seja na cidade, como vemos muitas vezes, crianças vendendo doces em semáforos e limpando carros, como também acontece no campo, em atividades agrícolas. Muitos vivem em locais insalubres, com moradia precária e sem o mínimo de estrutura para sobreviver.
Além disso, a falta de fiscalização, principalmente em cidades de interior, a marginalização que ocorre nas favelas, dando indícios que essas crianças não vão ser ninguém no futuro, levando-as para o mundo do crime, e negócios pessoais de familiares que acreditam realmente que uma criança trabalhando vai enobrecer e amadurecer, também são motivos pelos quais o trabalho infantil torna-se um problema tão presente e difícil de se combater.
Em pleno século XXI, o atual governo deixa claro seu posicionamento e o desejo que possui em descriminalizar o trabalho infantil, colocando de lado a importância do direito à educação, lazer e o mínimo de conforto na vida de crianças e adolescentes e, alegando ainda que “O trabalho enobrece todo mundo.”
Mas por que não é correto uma criança trabalhar?
Essa pergunta pode parecer um pouco óbvia, mas ainda não consegue ser assimilada por quem defende o trabalho infantil. A fase da infância e da adolescência é o período de crescimento e aprendizagem, em que o jovem precisa se dedicar aos estudos e exercer atividades que lhe deem divertimento e desenvoltura, para aumentar a sua capacidade de raciocínio. Se usam esse tempo para trabalhar, podem ficar sem estudar e brincar, causando assim o comprometimento no desenvolvimento e também o baixo rendimento dessas crianças e adolescentes.
É preciso refletir sobre a falta de cuidado e proteção em que essas crianças e adolescentes estão sendo submetidas. Esse é um dever tanto do governo quanto da própria sociedade. O país deve focar suas ações na educação, proteção social e em estratégias que promovam o trabalho decente para as famílias e também para os jovens que já possuem idade para trabalhar. Desse modo, poderá haver a redução da exploração de mão de obra infantil, aumentando a qualidade de vida desses jovens.