Minha nação, ô que noite linda!
É o Estrela Brilhante que veio aqui desfilar!

Crédito: Reprodução

Não existe ninguém em Recife que não tenha ouvido falar desta centenária nação de maracatu. A Nação de Maracatu de Baque Virado Estrela Brilhante do Recife foi fundada em 1906 por Cosme Damião Tavares, sendo sua primeira sede em Campo Grande, bairro da zona norte de Recife.

Natural de Igarassu, Seu Cosme era pescador e veio residir em Recife com o propósito de gerar renda com a criação e venda de peixes e falece em 1955. Em 1970, a nação se muda para a comunidade do Alto do Pascoal e, em 1995, estabelece sua sede própria no Alto José do Pinho, em Recife.

Presidido pela Rainha Marivalda Maria dos Santos, o Maracatu Estrela Brilhante vem conquistando o primeiro lugar em vários carnavais recifenses, a admiração e o respeito por onde passa em Pernambuco, no Brasil e no mundo, com seu batuque contagiante e inigualável.

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Em Recife, os maracatus mantém uma relação muito próxima com a comunidade que os cerca. E é nessa relação que as nações estabelecem um vínculo comunitário importante, de promoção social e valorização das raízes. A nação realiza um importante trabalho de formação em maracatu de baque solto com crianças e adolescentes da cidade.

Dentre as ações que podem ser mencionadas, citamos a parceria que ocorre desde 2001 com a Escola Municipal Novo Mangue, na comunidade do Coque (Joana Bezerra), no desenvolvimento das atividades do Maracatu Mirim Nação de Oxalá, atendendo a cerca de 100 crianças por ano no ensino de percussão, dança e história do maracatu; o atendimento a 50 crianças e adolescentes no ensino de percussão dentro do Programa Escola Aberta da Escola Municipal Maria Tereza, no Alto José do Pinho; a formação em percussão do Grupo Nação Raízes, em parceria com a Escola Municipal Antônio Tibúrcio, que atende a aproximadamente 50 crianças por ano; e outras ações que colocam o Estrela Brilhante como importante ator social na promoção dos direitos de crianças e adolescentes na cidade do Recife.

Créditos da imagem: https://vivointensamenteascoisasmaissimples.blogspot.com/2013/01/samba-e-maracatu.html

Com uma trajetória centenária, o Estrela Brilhante do Recife se firma não somente com seu compromisso cultural, mas venera a ancestralidade ao promover o acesso de novos batuqueiros/as ao grupo. Esta é uma atuação que permite a continuidade não apenas da nação, mas da manifestação cultural afrodiaspórica do maracatu.

Importante: Existe uma diferença entre os maracatus do estado de Pernambuco.

O que ficou conhecido internacionalmente a partir das batidas de Chico Science & Nação Zumbi é o maracatu de baque virado – ou Maracatu Nação. Mesmo existindo muitas versões sobre sua origem, a explicação mais difundida entre os estudiosos do tema é a de que ele teria surgido a partir das coroações do Rei do Congo, prática implantada no Brasil supostamente pelos colonizadores portugueses e, por consequência, permitida pelos senhores de escravos.

É uma manifestação afrobrasileira surgida provavelmente entre os séculos 17 e 18 na região das cidades de Recife, Olinda e Igarassu (que, antigamente, abrangia também o que hoje são os municípios de Itapissuma, Abreu e Lima e Itamaracá). Já o Maracatu de Baque Solto – ou Maracatu Rural – é uma brincadeira que a parte musical conta com um conjunto de metais (clarinete, saxofone, trombone, corneta ou pistom), além da percussão formada normalmente por tarol ou caixa, surdo, ganzá, chocalhos, porca (cuíca), zabumba e gonguê.

O ritmo é mais acelerado em relação ao Maracatu Nação e o coro é exclusivamente feminino.