Um chute, um gol e muitas vitórias
Assim é Beach Soccer, projeto de futebol de salão e campo, fazem de meninos grandes heróis
O Beach Soccer, projeto de futebol criado por dois moradores da Vila do Pinheiro, uma das comunidades da Maré, nasceu de um momento de revolta e comoção. Há quase três anos Carlos Henrique, de 11 anos, morreu ao ser baleado durante uma operação policial na comunidade. “Henrique queria ser jogador de futebol. Lembro que nesse dia, tudo por aqui parou. No dia do enterro interrompemos o transito da Avenida Brasil e fizemos uma oração”, diz Renato do Nascimento, de 32 anos, um dos responsáveis pelo projeto e também padrinho de Henrique.
Segundo Renato o desejo de realizar um projeto social já era antigo. “Antes desse fato, eu já tinha a idéia de esquematizar algo, com o objetivo de tirar as crianças da rua. Esse acontecimento apenas consolidou o que eu já tinha em mente”, diz.
Atualmente o Beach Soccer atende uma média de cem crianças e jovens, de 8 a 16 anos, de várias comunidades da Maré. Uma das regras, é que todos eles estejam estudando. Os treinamentos acontecem de terça à sexta das 16 às 18h30min. Segundo Ricardo Alves, de 36 anos, também responsável pelo programa, o projeto enfrenta muitas dificuldades. “Hoje treinamos no campo da ciclovia do Pinheiro, no momento ela está abandonada. Aqui não tem nada para um bom treinamento. Poderíamos até ficar por mais tempo, mas não tem nem poste. Quando começa a escurecer temos que sair logo”, relata.
Segundo Ricardo, o projeto já conseguiu parcerias com alguns clubes. “Há quase dois anos temos uma parceria com a Portuguesa da Ilha do Governador, tendo ainda com o Botafogo e o Bonsucesso Futebol Club. Já temos quase 10 jogadores mirins federados nestes clubes”, diz.
Ainda sem financiamento, o grupo recebe ajuda dos moradores, de pessoas próximas ao projeto, dos comerciantes e da Associação de Moradores da Vila do Pinheiro. “O apoio é através de uniformes, materiais e inscrições dos meninos em clubes. Quando a gente precisa sair para campeonato ou passeios, eles nos ajudam até com ônibus”, conclui Ricardo.
O grupo já conquistou diversas premiações e muitos alunos atuam em clubes como o estudante Wilson Jeronymo Junior, de 10 anos, que comenta a importância de jogar: “Gosto muito de vir treinar. Agora estou até como jogador mirim do Botafogo”. Para Chistopher Amorim, de 8 anos, é agradável treinar com os amigos em campo. “Gosto da convivência com os meus colegas, gosto dos jogos e dos professores, eles nos ensinam muita coisa”, conta um dos participantes do prjeto.
Por Gizele Martins