Quem procura osso é cachorro?

O que falta para rasgar o véu e revelar a face do governo? Quando o Brasil entenderá que Jair Bolsonaro e seus parceiros são milicianos da tortura, assassinatos e desaparecimentos de pessoas, sobretudo jovens pretos favelados? Até quando sofreremos insultos diários do presidente criminoso, ignorante e destemperado no sentido de quem não tem integridade, austeridade de princípios?

Desrespeitoso, disse que o Chile só não se tornou Cuba graças a quem foi contra comunistas como o pai de Michele Bachelet. De certa maneira, repetiu o dito sobre o pai do presidente da OAB Felipe Santa Cruz, fiel ao mantra “os direitos humanos são para defender bandidos”. Comete injúria, neste caso agravada pelo fato de Michele Bachelet, Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, ter afirmado o que toda pessoa de mediano conhecimento de si próprio e dos outros já sacou: o espaço  democrático está diminuindo no Brasil”.

Quem não percebe que o país mudou nos últimos três anos? Para pior, muito pior, apesar dos esforços cada vez mais desesperados de propagar uma realidade inexistente. O desemprego alcança 13 milhões de trabalhadores, o grau de insatisfação cresce no compasso da desilusão com a quadrilha que se instalou no poder, achacadora e perseguidora de minorias – no caso de mulheres e negros, nem minorias.

Bolsonaro reage com socos abaixo da linha da cintura, golpes covardes que indignam quem é atingido e a plateia que conhece as regras do bom combate. Ele teve a audácia de tachar o brigadeiro Bachelet, preso, torturado e assassinado por se opor ao golpe de Pinochet, de “comunista”. Assim, endossou o horror da sanguinária ditadura chilena e deixou clara a guerra contra o comunismo que acabou faz muito tempo.

Não é de hoje que ele e seus asseclas incitam a violência. Ainda no segundo turno das eleições do ano passado, animado pelo discurso de ódio do candidato, todo tipo de gente contrária ao PT, índios, assentados, trabalhadores do campo, quilombolas, gays, estudantes etc passou a agredi-los com ferocidade, incendiando, espancando e matando. Quem não se lembra das 12 facadas que mataram o mestre capoeirista Moa do Katende, de 63 anos, em Salvador, porque declarou o voto em Haddad? É o exemplo do comportamento dessa gente.

O ódio de Bolsonaro emana do seu discurso com absoluta naturalidade, endereçado a grupos ou pessoas, como Maria do Rosário, Jean Wyllys, Felipe Santa Cruz, Macron e Michele Bachelet. Antes, quando esteve no Chile, defendeu Pinochet de público, sem o menor respeito às feridas que ainda hoje sangram. Fez o mesmo no Paraguai, ao chamar de “estadista” o ditador sanguinário e pedófilo, na frente das autoridades locais. Por ironia, acabam de descobrir ossadas humanas de desafetos e opositores do regime enterradas na antiga casa de Stroessner. “Quem procura osso é cachorro”, disse Bolsonaro, tempos atrás.

Seu método é rasteiro: tenta desqualificar o oponente. Com Macron, expôs a diferença de idade entre ele e sua mulher; com a comissária da ONU, rotulou o pai de comunista. Sobre o presidente da OAB, mentiu que companheiros da esquerda o mataram durante a ditadura. Desta forma funciona a mente doentia do presidente do gigante da América do Sul. E o mais grave é que tem muitos seguidores, ignorantes como ele, graças à mídia conivente. Mesmo que a cada dia mais vozes de condenação se façam ouvir, reina o silêncio cúmplice e covarde nas forças armadas, onde Bolsonaro é visto como um igual, para nossa desgraça.

Ossada descoberta agora na casa de Stroessner, o “estadista” de Bolsonaro.