Desde sempre os seres humanos se ocupam do amor tanto quanto da guerra. De Roma e os grandes jogos sanguinários até hoje nos “vale-tudo” e MMAs que não param de ganhar adeptos e adeptas. Nas guerras entre torcidas de futebol e nas brigas de gangue e de baile funk, a massa guerreira é masculina. Mas há também a guerra fria, as disputas por poder, o status político. As mulheres exigiram o seu quinhão, e já estão recebendo – será que estão gostando?
Mas a questão que trago é que por aí rola um “papo pelego” dizendo que as massas brasileiras são mansas e estão mais para bloco de carnaval do que para embate político. Logo, que um bloco carnavalesco teria mais apoio popular do que uma manifestação violenta por exemplo.
O revolucionário pergunta: Qual foi a revolução em que não houve violência? Violência há e sempre haverá, e emprega-la em favor da revolução é fazer bom uso da violência, seria canalizar algo inevitável numa causa justa.
A questão é delicadíssima e vai lá na raiz do pensamento sociológico.
A humanidade vive em cima de uma pedra mole, o paradoxo.
A sociedade se forma sobre um inseguro alicerce fundamental: a contradição.
A formação social se dá por dois gumes de uma faca afiada:
Primeiro que os seres humanos urgem de regras sociais para a convivência pacífica, sem elas não haveria a tranqüilidade de virar de costas para o outro sem a preocupação de ser imediatamente abatido. Organizam-se em grupos por medo uns dos outros, o que nos remete ao caráter violento e perverso da natureza humana.
Segundo que a sociedade se dá porque um indivíduo vê no outro a possibilidade de expansão das possibilidades. Com a ajuda do outro pode conquistar o que não conseguiria sozinho. As grandes construções são coletivas, as grandes conquistas foram realizadas por grandes grupos. Reúnem-se por amor, o que nos remete ao caráter pacífico e fraternal da natureza humana.
A sociedade se forma por amor e medo; por guerra e paz; positivo e negativo. E o desafio é como clamar às massas por paz ou por guerra. As vezes vão a um espetáculo de futebol e lutam como guerreiros, outras vão a um protesto político e assistem inertes aos guardiãs da lei desrespeitarem seus direitos democráticos.
O ser humano em grupo tende a seguir certas regras que quando são quebradas geram instabilidade. A instabilidade social nos deixa vulnerável ao amor e à guerra. Mas há um elemento importantíssimo que constrói a história mas raramente é levedo em consideração, esse elemento é o acaso.
O acaso é que levará o cidadão a romper com o “contrato social” e partir para a guerra. Uma guerra tramada e arquitetada perde o estopim revolucionário das massas, perde a força transformadora do acaso.
Uma revolução se dá pela necessidade do corpo associada ao abalo do espírito. Isso já temos, agora é só aguardar a chegada do caso fortuito, o acaso. E, claro, aguardaremos o acaso nas ruas, entre as colunas insatisfeitas com as possibilidades existentes, entre os que vivem para a transformação do mundo, entre os que querem a bola rolando, entre os que lutam pela revolução.
SÓ PEGO ARMA PARA TRANSFORMÁ-LA EM ARTE
SÓ FAÇO ARTE AO TRANSFORMÁ-LA EM ARMA