Bahia – Irecê – Durante o dia de ontem, os moradores do loteamento Nobelino Dourado, recém-ocupado por integrantes do CEP – Campo Étnico Popular, estiveram na expectativa da possível chegada da polícia para a reintegração de posse da ocupação. Aconteceram duas reuniões, uma durante a manhã e outra a noite, quando o movimento, apesar de tentar negociar para tratar tudo de modo pacífico, falou também sobre formas de resistência, se necessário.
O maior salário dos ocupantes é um salário mínimo. Por isso, já pensam em construir uma cooperativa, para geração de trabalho e renda, já que alguns conseguem só o beneficio da bolsa família, que é muito pouco para a sobrevivência de uma família. Uma das ocupantes, dona Elizete, 48 anos, diz que morava no bairro São Francisco, antiga Malvina, de onde vem grande parte dos ocupantes. Ela conta que ganha sessenta e dois reais do bolsa família e paga quarenta e oito reais de uma prestação do seu óculos. Ela é casada, mora com o marido que trabalha na roça. Além do pouco salário, a moradora ressalta que ainda pagava aluguel na favela onde morava, o que ficou inviável.
Lideranças do movimento já estiveram reunidos com membros da prefeitura, porém o prefeito Zé das Virgens (PT) não recebeu até agora os ocupantes. Apesar da prefeitura só ter construído 400 casas, já existem pelo menos 4700 famílias cadastradas, o que para os líderes do movimento configura o uso dessas casas como moeda eleitoral. Integrantes do movimento ressaltaram que, das duzentas e vinte famílias que fazem parte das ocupações, 85% das pessoas já eram cadastrados pela prefeitura para receberem casas há cinco ou seis anos.