Mais uma vítima da (in)segurança pública na Maré. Felipe Correia, de 17 anos, foi executado pela polícia na rua onde morava na Baixa do Sapateiro.
 
Por Gizele Martins e Renata Souza
 
Policiais fardados de preto são acusados por moradores do Complexo da Maré da execução, com um tiro na cabeça, na manhã desta terça-feira (14/4), do jovem Felipe Correia de Lima, de 17 anos, na favela Baixa do Sapateiro. De acordo com sua mãe, Gilmara Francisco dos Santos, Felipe foi vítima de um tiro de fuzil quando chegava a sua casa com um tio, depois de ter trabalhado a madrugada inteira na venda de lanches. Segundo Gilmara, Felipe foi jogado dentro de uma picape Blazer e levado para o Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), onde morreu antes do atendimento.  “Isso é uma injustiça. Na hora, não deixaram os moradores socorrer o menino e eles não deixaram. Colocaram dentro do carro e foram embora. Quando ele chegou ao HGB, ainda estava vivo, mas a polícia não deixou os médicos atendê-lo, ele ficou lá gemendo”, afirma Gilmara.  
 
“Eu estava na rua, indo para o trabalho, não teve tiroteio como estão afirmando, isso não é verdade. Isso é uma injustiça, eu sou contra essa política de segurança, o que existe é extermínio, a polícia vem e mata, é isso o que acontece. Isso é a banda podre da polícia, são todos corruptos. E nós moradores, queremos deixar bem claro que Felipe era trabalhador, vendia cachorro-quente, era estudante, todos gostavam dele, a prova disso é que todos os moradores foram em cima, todo mundo foi para a rua”, afirmou Natália de Brito, vizinha do jovem.
 
De acordo com a família, os policiais impediram a mãe de acompanhar o estudante, matriculado na Escola Pública Pedro Lessa, até o hospital. Os PMs teriam ainda obrigado a família a limpar o sangue da calçada. A denúncia foi acolhida pela Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Alerj. Em contato com o tenente Souza, do 22° BPM (Maré), a Comissão obteve nesta tarde a confirmação de que ocorreu “uma operação na favela e um elemento foi morto”.  A CDDHC solicitou hoje à tarde, por meio de ofício, informações sobre a operação ao Secretário estadual de Segurança Pública, Mariano Beltrame, e ao comandante do 22º BPM. O presidente da Comissão, deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), quer o esclarecimento imediato dos motivos da operação, quais os procedimentos e os resultados obtidos. “Vivemos uma política de extermínio de jovens pobres, moradores de favelas. É preciso apurar muito bem as circunstâncias em que morreu Felipe, e a Comissão tem esse papel”, afirmou Freixo.
 
Ainda não foi confirmado o horário e local do enterro de Felipe, onde moradores pretendem realizar um protesto contra a Política Pública de (In)Segurança do Estado.