Os discursos de um deputado mimado, a falta de confiança de um filho no pai e os ataques à democracia.
Não é novidade que a família Bolsonaro é monstruosa, ignorante e antidemocrática, mas essa semana começamos a ver um pouco do que pode ser a pior face das faces da família.
O interfone, a casa 58, a ligação do presidente com a morte de Marielle Franco, ataques à imprensa, pressão pela prisão em segunda instância, ameaça do fechamento do Supremo Tribunal Federal e a menção da volta do AI-5.
Essas são algumas das declarações do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos contra a democracia e suas instituições e são também causas dos escândalos que repercutiram essa semana no cenário político brasileiro.
Na terça feira (29), a TV Globo divulgou uma reportagem que denunciava a citação de Bolsonaro na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Horas depois o presidente ameaçou não renovar a concessão pública da TV Globo, situação que o presidente negou algumas horas depois e ainda complementou: “Eu não lidero uma ditadura”.
Na quarta feira, o presidente ainda descontente com mídia, anunciou o cancelamento do jornal Folha de São Paulo para o Governo Federal e ameaçou também os anunciantes do jornal.
“Não vamos mais gastar dinheiro com esse tipo de jornal. E quem anuncia na Folha de São Paulo presta atenção, está certo?”, afirmou o presidente.
No outro dia, quinta feira (31), o deputado Eduardo Bolsonaro ameaçou um novo AI-5.
“Caso a esquerda resolva radicalizar, a resposta pode ser via um novo AI-5”, esbravejou o deputado.
Que depois de ampla rejeição de todos os campos ideológicos e até mesmo de seu pai, Eduardo Bolsonaro concedeu uma entrevista para o programa Brasil Urgente onde se desculpou.
“Eu talvez tenha sido infeliz em falar do AI-5, porque não existe qualquer possibilidade de retorno. Mas, nesse cenário, o governo tem que tomar as rédeas da situação, não pode simplesmente ficar refém de grupos organizados para promover o terror”, tentou amenizar Eduardo.
Mas, continuou mostrando sua ignorância e violência em sua conta do Twitter. Ele gravou um vídeo que reforça a mensagem “nós não permitiremos que a esquerda se manifeste no Brasil como está no Chile” e citou um livro de Carlos Alberto Ustra – torturador da ditadura militar no Brasil. Ainda sobre o Chile Eduardo, Carlos e Bolsonaro usam a mesma tática da campanha: Fake News, suposições sem qualquer fundamento e aproveitamento de um imaginário de medo do comunismo e revoluções.
“Para fazer isso tudo você precisa de dinheiro. De onde vem esse dinheiro? Nós desconfiamos que esse dinheiro vem muito por conta do BNDES, que no tempo de Dilma e Lula, faziam obras superfaturadas no porto de Mariel, em Cuba, ou contrato de Mais Médicos que rendia mais de 1 bilhão reais para a ditadura cubana. Por que não achar que esse dinheiro vai se voltar para cá para se fazer essas revoluções?”, afirma Eduardo e concordam Carlos e Jair Bolsonaro.
Nas entrelinhas entendemos que a família não sabe o que é democracia e precisa recorrer às Forças Armadas, até porque sabem que o pai não tem competência para lidar com o jogo político, muito menos com o povo na rua.
O jogo da família Bolsonaro é investir no medo para alimentar o ódio de seu eleitorado e também porque talvez não saiba o que é e como funciona uma democracia.
A família que está envolvida em um escândalo por dia – quase que como uma série que solta um episódio por dia – sabe que com mesma velocidade que internet fulminante em assunto, ela também esquece e deixa morrer. Os Bolsonaros conquistaram seus eleitores por notícias irreais, sendo personagens que traduzem o mais puro ódio e preconceito enraizados. Mas, o mundo real exige pessoas reais que tenham respeito, empatia com dores e medos e que tentem tornar o lugar onde vivem um pouco menos pior.
A família Bolsonaro brinca com a mídia. Na semana em que seus membros estão sendo investigados por um crime brutal, eles mesmos colocam fogo na imprensa e, por consequência, na democracia, esbravamentos, ameaças e declarações “eu fui mal interpretado” só revelam a barbárie e monstruosidade do presidente e da sua família.