Camisas do Ibura Black estarão à venda no evento - Foto: Junior Silva/ ANF

No próximo dia 15 de novembro, a praça do UR-6 (terminal do UR-11), no Ibura, zona sul de Recife, irá receber o evento multicultural Ibura Black – Fabricando Artistas. O festival se inicia às 10 horas promovendo atividades artísticas, oficinas, apresentações musicais e rodas de diálogo. Além disso, haverá com uma campanha de arrecadação de alimentos, vestuário e livros para que possam ser doados a famílias carentes.

Camisas do Ibura Black estarão à venda no evento – Foto: acervo Ibura Black.

Várias oficinas preenchem o turno da manhã e abordarão diversas temáticas, como Danças Populares, com Kika e convidados; Teatro, com Hermínia Mendes; Corte e cabelo, com Jennyfer Caldas e Hugo Lima; e Balé Afro, com o grupo Majê Molê de Peixinhos (Olinda).

No início da tarde, haverá uma roda de diálogo com a presença de Cannibal e Claudilene Maria, figuras importantes no enfrentamento contra as desigualdades raciais e sociais de Pernambuco. Cannibal é músico e compositor da banda de hardcore Devotos e da banda de reggae e dub Café Preto. Claudilene é doutora em educação pela UFPE, produtora cultural e pesquisadora da cultura afro-brasileira. Seu livro “A volta inversa na árvore do esquecimento e nas práticas de branqueamento” será lançado durante o evento, e trata sobre história e cultura afro-brasileira no espaço escolar.

As apresentações artísticas terão início à tarde, se estendendo até o fim da noite, e conta com repertórios variados da cultura popular e periférica: Maracatu Leão da Campina, Cavalo Marinho Boi Chatim, Isaar, Dona Lia do Coco, Afoxé Omô Nilê Ogunjá, Grupo de Samba Só Mais Uma e o grupo É Nós Na Dança. A cantora Erica Natuza divide o palco com Leão Conquistador. O rap pernambucano marca presença no evento com grandes nomes do movimento Hip-Hop: Dj Big, Femigang, Ibura Bagdá e Sujistência estão confirmados nessa festa. As performances ficam por conta da Coletiva Contrafluxo, com a performance Aterro, e a Pirofagia com o Portadores da Luz.

Ibura Black é um movimento periférico composto por moradores da própria favela, em maior parte pela juventude, que não se vê representada pela mídia e reivindica por uma política que contemple a realidade das quebradas. Surgiu em 2014 com o nome de Arrastão Cultural a partir da necessidade local de exigir mais direitos para a favela e da importância de se reconhecer no território e potencializar suas belezas. Por meio da cultura e das linguagens artísticas, o evento é uma forma de confraternizar e reafirmar o território de luta em que se encontram as periferias.

No mês de novembro se comemora a Consciência Negra, em memória de todos os antepassados que deixaram o legado de luta pela igualdade e pela reparação histórica que se deve aos povos afro-brasileiros, por tanto tempo invisibilizados e marginalizados desde o Brasil Colônia. O racismo ainda mata todo dia no Brasil e gera grandes danos à população que é vítima da discriminação e da incapacidade do Estado de garantir políticas públicas que abarquem as demandas e necessidades das favelas, onde se encontra majoritariamente a população negra.

Camisas do Ibura Black estarão à venda no evento – Foto: Junior Silva/ ANF