“Quem é sangue bom, se liga no som, aumenta o volume que é rap do bom” Rappin Hood.

Dia 12 de novembro, é o dia mundial do Hip Hop. Estilo musical que surgiu na década de 70 e até hoje é utilizado para denunciar as desigualdades sociais, cobrar do estado o cumprimento dos serviços públicos e o respeito pelos direitos fundamentais.

Segundo o Dj Branco, o Hip Hip se divide entre cultura e movimento, um depende do outro. Quando o grafiteiro faz um desenho com com uma temática racial, um mc faz uma música abordando os contextos sociais da sua periferia, falando da transformação social, fazendo denúncia social, isso faz parte da cultura e do movimento.

A presença da cultura hip hop em diversos lugares do mundo é uma crescente ao longos dos anos, possibilitando aos seus membros através dos elementos (mc/rap, grafite, break e dj) utilizar o conhecimento como ferramenta de mobilização social.

Na Bahia, conhecida mundialmente como o berço do Axé Music e pela diversidade cultural, também é reduto do movimento e da cultura hip hop há décadas. E a influência é tanta com os artistas locais que um livro foi publicado contando sobre essa relação, estamos falando do Bahia com H de Hip Hop, escrito pelo Sociólogo Jorge Hilton, que também é ator, pesquisador, músico, militante e especialista em história das culturas afrobrasileiras. Jorge é um dos fundadores do Hip Hop baiano, e integrante da banda Simples Rap´ortagem.

Crédito: Reprodução. Livro Bahia com H de Hip Hop

Para reforçar tamanha expressão e solidez da cultura na Bahia, logo em breve será inaugurada a Casa do Hip Hop Bahia, sobre a coordenação do produtor cultural e mobilizador social, Dj Branco.

Branco diz que: A casa do Hip Hop tem o objetivo de ser um polo de referência na Bahia, que vai trabalhar com arte e educação, empreendedorismo e tecnologia da informação, com uma loja colaborativa, um memorial do Hip Hip, sala multimídia, audiovisual e cultura digital, espaços para lançamento de livros, recitais de poesias, palestras, visando contribuir com fomento e fortalecimento da cultura Hip Hop em salvador e no estado da Bahia.

Crédito: Casa do Hip Hop Bahia. Colaboradores da Casa do Hip Hop

Dj Branco apresenta todo sábado o programa Evolução Hip Hop, transmitido pela rádio Pública Educadora FM. O programa conta com uma programação diversificada, com entrevista, agenda cultural e a trilha sonora a cada programa é feita principalmente pelos artistas locais e nacionais. É um dos espaços de discussão da cultura musical e temas que envolvem a juventude negra.

Logomarca do programa Evolução Hip Hop

 

Assim como a Bahia é um berço no gênero musical, a casa do Hip hop quer agregar e potencializar principalmente os artistas que são militantes em muitas frentes.

A regionalização do Hip Hop não constrói muros, não fragmenta, pelo contrário, cria uma identidade sonora e consequentemente o fortalecimento das partes, que retroalimentam o todo com as produções artísticas que falam os mesmos dialetos, dialogam das mesmas realidades, ” é com arrente mermo”.

Dj Branco comenta ressalta que a cultura Hip Hop contribui para fomentar a cultura local em Salvador, pois não fica dialogando apenas com os elementos do Hip Hop, afinal não é uma tribo. O dialogo com outras vertentes culturais sempre acontece, com a capoeira, com os blocos afro, o reggae, o axé e o pagode.

A exemplo do programa de tv Hip Hop vai além, transmitido pela TV Kirumurê, emissora local, independente. Tem na coordenação e apresentação de Negro Davi, rapper e produtor cultural. O programa a cada edição mostra ações da cultura Hip Hop no cenário local e nacional, e mostra outras expressões artísticas que comungam da mesma ideologia.

As produções artísticas dentro do movimento Hip Hop são voltadas para a cultura de rua, junto do conceito da black music, alinhando a militância social, descentralizando os espaços e reforçando a ideia de ser ter uma democracia cultural. O Hip Hop na terra do axé music é uma constante reafirmação de quebra de protocolos e conquistas a base de muita luta.

“Vai acionando o grave, o médio, o agudo, rap nacional esse é meu mundo, bem melhor se fosse como eu falo, em 11 de setembro nenhum prédio abalado, mundo sem guerra, muita paz na terra, diferentes convivendo numa igual atmosfera, sem preconceito, sem botar defeito, pois todos tem direitos, cada qual com o seu jeito”. Rappin Hood

Percebe-se que existe uma dificuldade que está atrelada ao preconceito e resistência no que se refere ao cultura Hip Hop, pelo fato de quem faz parte da cultura e produz os eventos é a juventude preta da periferia. Com discuso politizado, engajado, é difícil o mercado da música, que alimenta a cultura de massa aceitar isso.
Houve-se algum avanço em Salvador por conta do Hip Hop tá inserido em vários festivais em Salvador, mas tudo isso sempre é metendo o pé na porta.
Colaborou para a produção dessa matéria Hamilton Oliveira, o Dj Branco.
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Paulo de Almeida Filho
Jornalista, Especialista em Comunicação Comunitária, Mestre em Gestão da Educação, Tecnologias e Redes Sociais - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Editor da Agência de Notícias das Favelas. Pesquisador do CRDH- Centro de Referência e Desenvolvimento em Humanidades - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Professor de Pós Graduação, em Comunicação e Diversidade, na Escola Baiana de Comunicação. Assessor da REDE MIDICOM- Rede das Mídias Comunitárias de Salvador. Membro do Grupo de Pesquisa TIPEMSE - Tecnologias, Inovação Pedagógicas e Mobilização Social pela Educação. Articulado Comunitário do Coletivo de Comunicação Bairro da Paz News. Membro da Frente Baiana pela Democratização da Comunicação. Integrante do Fórum de Saúde das Periferias da Bahia. Membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito- Núcleo Bahia. Integrante da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores Coordenador Social do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, EduComunicador e Consultor em Mídias Periféricas.