Aconteceu na manhã de hoje, a sétima audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ. O presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo(PSOL), abriu a sessão com um vídeo elaborado pelos próprios moradores da Maré, uma das comunidades que mais tem sofrido com a morte de crianças.
DENÚNCIAS MARCAM AUDIÊNCIA
Logo após começaram as falas de representantes de organizações que tem acompanhado os casos, como a Justiça Global, que leu um documento que está sendo entregue à ONU. No documento a organização critica a atuação da imprensa, pede isenção das corregedorias e orgãos de perícia, além de pedir a reforma das polícias. Já o representante do Projeto Legal, Antonio Pedro Soares, denúnciou que o inquérito policial estava, até então, inacessível aos advogados. Outra denúncia foi feita pela representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Margarida Prasburguer, dizendo que os "caveirões"(veículos blindados da polícia) sobem as favelas para buscarem propinas.
RELATOS EMOCIONAM PARTICIPANTES
Logo depois dos representantes das organizações, foi a vez dos famíliares das vítimas fazerem seus relatos. O pai da pequena Yasmim disse que sua filha tinha ido comprar um refrigerante e volltou, com a mão na barriga dizendo: "papai levei uma pedrada", quando viu, sua filha estava baleada. Outro caso relatado foi o de Matheus. Sua mãe, Gracilene Rodrigues, contou emocionada como foi o episódio do assassinato de seu filho.
REPRESENTANTES DO PODER PÚBLICO NÃO EXPLICAM MUITO
Foram convidados para a audiência os comandantes Rogério Seixas Cruz (22 BPM) e Pedro Paulo da Silva (14 BPM), as delegadas Valéria de Castro (21 DP) e Marcia Helena Julião (34 DP), o corregedor da polícia civil, José Augusto pereira, além do corregedor da polícia militar, que não compareceu. A delegada da vigésima primeira DP e o corregedor afirmaram estarem em seus cargos há poucos dias, não tendo tanto conhecimento dos casos. Valéria de Castro, em sua fala, afirmou que "a sociedade primeiro tem que parar de usar drogas".
DEPUTADOS CONTINUARÃO COBRANDO O PAPEL DO ESTADO
O deputado Marcelo Freixo(PSOL) iniciou sua fala rebatendo a delegada Valéria, dizendo que a sociedade tem responsabilidade, mas nada exime primeiramente o poder público. Logo depois Freixo perguntou aos comandantes dos batalhões se algum dos políciais tinha sido afastados? O comandante do 14 BPM disse que os políciais foram mudados de funções, mas continuam no batalhão. Já o comandante do 22 BPM afirmou que os políciais foram transferidos para outra unidade. O deputado Alessandro Molon (PT) em sua fala disse que infelizmente os primeiros a retirarem os corpos, violando o local da perícia, são os policiais, inclusive levando para os hospitais, sinicamente, pessoas que já estão mortas. Afirmou também que a morte de Matheus significa falência do Estado, primeiro porque ele não teve aula, segundo por ter sido morto por um agente do do poder público. Molon relembrou também o caso dos quatro rapazes mortos no Borél, que foi seu primeiro caso na Comissão de Direitos Humanos da ALERJ.
PRÓXIMA AUDIÊNCIA
O presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo, confirmou a próxima audiência para semana que vem, quando será convidada a Secretária de Direitos Humanos do Estado, Benedita da Silva, para prestar esclarecimentos sobre a atuação daquela secretaria, segundo Freixo, omissa diante das atrocidades que estão sendo perpetradas pelo governo estadual.