Na última quinta-feira, 14 de novembro, aconteceu a Reunião pelo Transporte Público na Associação de Três Carneiros Alto, no bairro do Ibura, zona Sul de Recife. O objetivo da reunião foi discutir a série de decisões arbitrárias que o Consórcio Grande Recife, junto aos empresários do transporte público, vêm tomando em relação às tarifas abusivas cobradas dos usuários e as péssimas condições do serviço, que é utilizado por cerca de 2 milhões de pessoas diariamente e não oferece condições dignas para o deslocamento.
A sensação de que o serviço de transporte público de Recife e Região Metropolitana não vale o que as pessoas pagam é uma unanimidade. E saber que tanto o prefeito do Recife quanto o governador do estado são cúmplices dessa organização é algo que revolta mas não surpreende, devido a alguns fatores, primeiramente ao fato de que o prefeito e o governador se encontram no segundo mandato e nada fizeram para solucionar esse problema que sempre foi demanda de quem utiliza o transporte público, e segundo que estes governantes costumam utilizar acordos com corporações privadas para obter vantagem e têm o hábito de negociar a vida da população trabalhadora que utiliza o serviço público.
No encontro estiveram presentes o representante da Frente de Luta pelo Transporte Público Pedro Josephi, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) Áureo Cisneiros, o presidente da Associação de Moradores de Três Carneiros Alto Levi Costa, representantes da comunidade, presidente da Associação de Três Carneiros Baixo Edvaldo e representantes dos rodoviários.
Na ocasião foram discutidas várias pautas que têm impacto na vida de usuários do serviço de transporte público e de rodoviários que tornam este serviço possível, porém sendo muito mal remunerados e invisibilizados pela empresa, que detém o lucro sem quaisquer investimentos em melhoria. Medidas como a retirada de cobradores, acúmulo de função pelos motoristas, exigência de pagamento exclusivo da passagem com bilhete eletrônico (VEM), recolhimento dos veículos de circulação antes do horário estabelecido, falta de fiscalização e de estrutura, e insuficiência de frota para atendimento da população foram as principais pautas discutidas com os moradores.
Pedro Josephi, representante da Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco falou sobre a atual situação do sistema no estado e o enfrentamento necessário para reverter o quadro. “Temos hoje um sistema de transporte que é caótico, caro, inseguro, as empresas de ônibus não respeitam o idoso, não respeitam as mulheres, não respeitam o cadeirante e a gente só vai conseguir mudar essa realidade com a luta popular. Entramos com uma ação na justiça no STF em Brasília para barrar o prazo de validade do crédito VEM, porque o crédito que você utiliza, depois de três ou quatro meses vai direto para as empresas de ônibus. Reitero, é preciso que as lideranças e as comunidades participem da luta. Vamos ter um protesto no dia 28 em defesa do Ibura e contra as empresas que precarizam o serviço que deveria ser de qualidade”, afirmou Pedro.
Áureo Cisneiros, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) compartilhou das queixas dos demais trabalhadores que utilizam o serviço diariamente e apresentou os culpados por esta precarização. “Recife tem um dos transportes mais caros do Brasil e um dos piores serviços, a frota é sucateada! É uma região quente e raramente temos um ônibus com ar-condicionado, e isso inclusive foi promessa do governador Paulo Câmara há seis anos, foi também promessa do Geraldo Júlio, mas não se cumpre. Estão para demitir 7 mil cobradores, e isso vai gerar o caos, porque vai sobrecarregar o motorista, vai demorar mais e a passagem continua caríssima. Inclusive o governador prometeu que iria baixar a passagem, melhorar a qualidade e transformar a passagem em uma tarifa única, o que não se cumpriu. Então os grandes responsáveis são o Paulo Câmara, o Geraldo Júlio e os vereadores que não fiscalizam”.
No dia 28 deste mês acontecerá o ato que fechará a Avenida Recife em defesa dos direitos da população por um transporte público gratuito, de qualidade e sem violência.