Cada cultura e religião têm seu dia e maneira de lembrar os mortos. Embora a qualquer dia possam lembrá-los com sentimento, seja com a dor da falta, ou de maneira carinhosa e saudosista das pessoas que se foram.
Desde o século II os Cristãos vão aos túmulos rezar pelos seus mortos. Metodistas e protestantes, preferem o dia de Todos os Santos. Os Espíritas respeitam as datas, porém entendem a morte como uma verdadeira situação das experiências carnais.
A perda para muitos é algo bem doloroso por se tratar do término de uma pessoa querida, ou não.
O fato é que precisamos celebrar a vida sempre para lembrarmos o quanto somos finitos enquanto seres humanos. Se em algum plano podemos desfrutar de experiências de uma vida eterna, enquanto carne somos limitados, e assim, colocados a prova sempre, em toda e qualquer situação estamos fadados a uma vida de sucessivos erros e acertos.
É assustador o quanto a sociedade está se tornando insensível, ou não adepta dos preceitos tradicionais. Tempos atrás, a data de finados era lembrada pelas famílias de forma séria e sentimental, com o zelo e cuidado como devíamos nos comportar nesta data: de maneira saudosista, sempre em silêncio ou falando em tons baixos. Palavras de baixo calão eram reprimidas com veemência.
Atualmente, parece que nossos mortos estão realmente mortos, pois a percepção é que este sentimento de saudade e ausência, já não é mais notado como outrora. E a vida dinâmica, que não se esgota nas coisas superficiais do cotidiano, como os vídeos de gatinhos e as fotos de pratos de comida, nos ocupam de maneira cega.
Ou seja, que passaram, pois, como o próprio verbo diz: não gera likes e sim a superficialidade do cotidiano, do agora, já. Passados os 15 minutos,“agora jaz”, como todos os mortos.
- Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, edição de novembro 2019.