Parentes e amigos do lanterneiro Josenildo Estanislau dos Santos se reuniram ontem com representantes do Judiciário, da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio (OAB/Rio), e de várias organizações de direitos humanos. O objetivo do encontro foi avaliar o andamento do inquérito policial que investiga a morte do lanterneiro. Josenildo foi morto por policiais militares do 1º BPM (Estácio), no último dia 2 de abril, no Morro da Coroa, no Catumbi.
O taxista Josilmar Macário dos Santos apresentou cópia do boletim de atendimento médico do Hospital Souza Aguiar. O documento atesta que Josenildo já estava morto quando chegou no hospital. Josilmar pediu apoio às autoridades para esclarecimento do homicídio e a prisão dos culpados.
-Estamos aqui para denunciar uma ação arbitrária da polícia. Meu irmão foi assassinado de forma cruel. Os responsáveis por isso têm que ser presos- disse.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/Rio, Maria Margarida Pressburg, acredita que as comunidades carentes são as maiores vítimas das ações policiais mal sucedidas e que geralmente terminam com a morte de uma pessoa inocente:
– Não tenho dúvida de que Josenildo foi morto porque viu o que não pedria ter visto-denunciou.
O subprocurador de Justiça, Leonardo Chaves, condenou a política de segurança pública do estado. Segundo ele, a polícia do Rio mata cinco vezes mais do que a de São Paulo.
-Essa situação se agravou muito nos últimos meses. A política de segurança adotada atualmente é tão perversa que muitos policiais estão perdendo a vida nesses enfrentamentos – avaliou Chaves.
Josenildo, de 42 anos, trabalhava em uma oficina mecânica da família. Na tarde do dia 2 de abril, ele saiu de casa para comprar cigarros no bar que costumava frequentar. Ele só não sabia que policiais do 1º BPM estavam no morro à procura de traficantes de drogas. Confundido com um dos bandidos, Josenildo foi morto juntamente com outros cinco homens. Na ocasião, os PMs que registram as mortes na 6ª DP (Cidade Nova) declaram que os seis homens eram traficantes e que eles morreram em confronto legítimo.
Sérgio Meirelles
Jornal Extra
Fonte: (http://extra.globo.com/geral/casodepolicia/post.asp?cod_post=194194)