“Zarina”. Palavra de origem africana e que significa “mulher de ouro”. Esse é o nome inspiração que levou Jessica Silva, de 24 anos, a criar uma marca de moda e acessórios focada na beleza negra.
Iniciando o seu trabalho no mundo da moda no ano de 2015 junto com o seu companheiro Rodrigo Silva, Jessica, que é moradora da comunidade Xambá, localizada em Olinda, passou a se tornar uma exceção gigantesca no universo da negritude. “Foi a partir da transição e processo de afirmação da minha identidade enquanto mulher preta, que surgiu uma inquietação no vestir. Eu comecei a perceber que as lojas não estavam preparadas ou até mesmo preocupadas em vestir meu corpo preto”, ressalta a empresária.
A ausência de pessoas negras em toda a cadeia profissional é uma problemática, pois existem memórias e particularidades de suas histórias onde outra pessoa pouco conhece ou sabe contar. Várias manifestações que têm uma veracidade de luta e resistência e que vêm sendo cooptadas pela branquitude e pelo próprio capitalismo.
É contrariando todo esse sistema excludente que Jessica abraça sua cultura e faz da moda uma ferramenta de luta. Em 2019, a Zarina foi uma das marcas que vestiu o Homem da Meia Noite e que vem abrindo espaço em eventos como a Feneart e no Marco Pernambucano da Moda. A marca chama a atenção por meio da criação de suas peças, que são vestidas por modelos majoritariamente negros, transformando-se, em um exemplo de resistência política.”Eu e minhas peças mantemos uma relação afetiva carregada de companheirismo, cumplicidade, amor, respeito e admiração, e a gente aprende desde muito cedo a negar os nossos traços,a nossa pele preta e ancestralidade, sento tudo isso uma auto apresentação imagética que vai para além da vaidade e do poder aquisitivo; ocupar esses espaços e “vestir-se bem” para uma pessoa de pele preta, é uma forma de defesa, uma armadura de proteção perante uma sociedade racista e genocida do nosso povo”, destaca a estilista.
A Zarina já têm trabalhado na sua próxima coleção; sempre usando referencias de culturas africanas. “Tenho buscado explorar muito estamparias, algo que estamos fazendo desde o inicio da marca e que iremos permanecer, e também, abraçando a minha religiosidade enquanto mulher preta candomblecista, deixando cada vez mais visível a minha ancestralidade e no desejo de que cada vez mais pessoas se sintam bonitas por serem exatamente como são”, conclui, Jessica.
Para mais informações sobre a loja:
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