Poeta ou Poetisa?
Poeta é substantivo de origem latina e grega. Poetisa é derivada (correspondente feminino) com o sufixo “isa”. “Designar a mulher como poetisa é diminuí-la intelectualmente. Eu mesma me intitulo poeta e acho desnecessário poetE ou poetX”, opina a escritora Rita Queiroz.
Cecília Meireles rejeitava ser chamada de poetisa: “Eu canto porque o instante existe / e a minha vida está completa. / Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”.
Luz Marques diz: “Eu sou poeta e não reconheço poetE ou poetX; ser poeta é ser livre e dispensa gênero; posso ser homem, mulher, Iansã, uma árvore, a mãe terra…”.
“O termo ‘poeta’ para utilização por mulheres cisgêneras funciona perfeitamente, pois o uso ressignifica o termo. Mas para mulheres trans, que ainda são vistas como ‘homens’ pela sociedade, a estratégia não tem tanto sucesso assim, uma vez que podem associar o uso masculino do termo a essas mulheres por transfobia e não por ressignificação”. É o que pensa Yuna Vitória.
Para ela, “algumas se sentirão confortáveis utilizando e outras não, por conta dessa carga”. “Eu mesma não me ofendo se for chamada de “poeta”, mas me autodeclaro poetisa, afinal, faço mesmo poesia de miudezas.”. Quanto a neutralizar o gênero, ela prefere poetE e não poetX, “pelo simples fato de “poetE” ser inteligível a softwares para portadores de deficiência visual. É mais inclusivo”, finaliza.
O importante é aceitar a definição que cada pessoa prefere; respeitar as diferenças e apoiar a luta de cada um (a). E viva a poesia!
* Matéria publicada no Jornal A Voz da Favela, edição de dezembro 2019