Eu sou a poesia

Poeta ou Poetisa?

Poeta é substantivo de origem latina e grega. Poetisa é derivada (correspondente feminino) com o sufixo “isa”.  “Designar a mulher como poetisa é diminuí-la intelectualmente. Eu mesma me intitulo poeta e acho desnecessário poetE ou poetX”, opina a escritora Rita Queiroz.

Cecília Meireles rejeitava ser chamada de poetisa: “Eu canto porque o instante existe / e a minha vida está completa. / Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”.

Luz Marques diz: “Eu sou poeta e não reconheço poetE ou poetX; ser poeta é ser livre e dispensa gênero; posso ser homem, mulher, Iansã, uma árvore, a mãe terra…”.

“O termo ‘poeta’ para utilização por mulheres cisgêneras funciona perfeitamente, pois o uso ressignifica o termo. Mas para mulheres trans, que ainda são vistas como ‘homens’ pela sociedade, a estratégia não tem tanto sucesso assim, uma vez que podem associar o uso masculino do termo a essas mulheres por transfobia e não por ressignificação”. É o que pensa Yuna Vitória.

Para ela, “algumas se sentirão confortáveis utilizando e outras não, por conta dessa carga”. “Eu mesma não me ofendo se for chamada de “poeta”, mas me autodeclaro poetisa, afinal, faço mesmo poesia de miudezas.”. Quanto a neutralizar o gênero, ela prefere poetE e não poetX, “pelo simples fato de “poetE” ser inteligível a softwares para portadores de deficiência visual. É mais inclusivo”, finaliza.

O importante é aceitar a definição que cada pessoa prefere; respeitar as diferenças e apoiar a luta de cada um (a). E viva a poesia!

* Matéria publicada no Jornal A Voz da Favela, edição de dezembro 2019

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Valdeck Almeida de Jesus
Valdeck Almeida de Jesus é jornalista definido após várias tentativas em outros cursos, atua como free lancer, reconhecendo-se como tal há bastante tempo. Natural de Jequié-BA (1966), e escreve poesia desde os 12, sendo este o encontro com o mundo sem regras. Sua escrita tem como temática principal a denúncia: política, de gênero, de raça, de condição social, de preconceitos diversos: machismo, homofobia, racismo, misoginia. Coordena o movimento “Galinha pulando”, o qual pode ser visto no blog, no site e nas publicações impressas. Este movimento promove anualmente um concurso literário, aberto a escritores(as) do Brasil e do exterior. A poesia lhe trouxe o encantamento, mundos paralelos, as trocas, a autocrítica, a projeção de si e de outro(s), maior consciência de classe e de coletivo. Espera que as sementes plantadas se tornem árvores, florescendo e frutificando em solos assaz diversos. Possui 23 livros autorais e participa de 152 antologias. Tem textos publicados em espanhol, italiano, inglês, alemão, holandês e francês. Participa de vários coletivos da periferia de várias cidades, bem como de algumas academias culturais e literárias.