A ineficiência do serviço das empresas de ônibus causa impactos negativos na vida de dois milhões de usuários pernambucanos

Reportagem de Mary Menezes para o A Voz da Favela de dezembro de 2019

 

O transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) movimenta um fluxo diário de quase dois milhões de passageiros. São 26 terminais integrados e aproximadamente 400 linhas que atendem Abreu e Lima, Paulista, Olinda, Recife, Cabo, Camaragibe e demais cidades que compõem a RMR. A gestão é feita pelo Consórcio Grande Recife, que foi criado em 2008 e representa a primeira experiência nacional que divide a responsabilidade do transporte entre o Estado e os governos municipais. Apesar de haver um comprometimento das duas instâncias de poder, o que se vê no cotidiano é a ineficiência no serviço de transporte.

O bairro do IPSEP é um entre os tantos afetados pelas problemáticas quanto ao transporte público. O descaso com os usuários é demonstrado pelo péssimo serviço ofertado pela empresa com a Vera Cruz (responsável por atender a região). Para Kleber Almeida, membro da Associação dos Moradores do IPSEP e residente na localidade desde seu nascimento, o transporte na região sempre foi complicado. “No nosso bairro, são poucas as linhas e elas não atendem a demanda. E mais: dificilmente o usuário fará uma viagem com conforto”, observa Almeida.

No bairro, já aconteceram reuniões entre moradores, representantes do poder público e da Vera Cruz. Mesmo assim, os problemas persistem. Para a estudante Fernanda Freire, moradora do IPSEP, as empresas de ônibus parecem não ter interesse em atender as demandas dos usuários, mas apenas em lucrar. “Eu acho que é lucrativo para os empresários manter esse sistema precário de transporte. Chega a ser chocante ver as pessoas se espremendo dentro dos coletivos”, desabafa.

Várias ações já reivindicaram e ainda reivindicam um transporte menos desagradável no Recife e RMR. Audiências públicas, denúncias no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e mobilizações em vias públicas buscam mobilizar a sociedade e o Governo sobre a precariedade do transporte coletivo por ônibus. O Consórcio Grande Recife disponibiliza dois números (um 0800 e um WhatsApp) para reclamações, mas não há sinais de que essas reivindicações sejam, de fato, atendidas.