Apoio à sanidade mental como combate ao racismo estrutural 

Reportagem para o jornal A Voz da Favela de dezembro de 2019

 

“A subjetividade de uma pessoa negra no Brasil é totalmente diferente da subjetividade da pessoa branca. Quem vai construir uma psicologia a partir da realidade que vivenciamos enquanto pessoas negras?”. Foi a partir dessa pergunta que a psicóloga Pollyanna Ferreira teve a ideia de criar um grupo de terapia voltado especificamente para mulheres negras e periféricas do Recife.

O Grupo Terapêutico das Pretas foi criado por Pollyanna e a também psicóloga Kátia Brandão. Elas se conheceram em um curso de psicologia preta e antirracista e, a partir desse encontro, as duas começaram a pensar como atuar na perspectiva de uma Psicologia que fosse feita por e para pessoas negras. A primeira fase do projeto foi iniciada em julho de 2019, se estendendo até setembro. Foram dez encontros em formato de grupo fechado, com mulheres de 18 a 60 anos, a maioria de periferia e universitárias. Esse contexto virou uma temática importante discutida entre as mulheres oriundas de favelas que chegaram à Universidade e se deparam com uma estrutura branca e elitista. Por isso, a necessidade de se cuidarem e se fortalecerem mutuamente frente ao racismo que estrutura a sociedade brasileira.

Para Pollyana, essas iniciativas são importantes porque geram equilíbrio mental e força para ocupar os espaços de forma mais presente enquanto mulheres negras. “A ideia é que isso possa se expandir, não apenas no nosso grupo, mas em outros espaços, onde possamos estar umas com as outras enquanto quilombo. Não somente em espaços terapêuticos, mas em todos os lugares que a gente precise ocupar. É importante que façamos esse movimento para não estarmos mais sozinhas”, conclui a psicóloga.