Pessoas trans são as que foram marcadas pelas normas sociais de “homem” ou “mulher” ao seu nascimento, mas não se identificam com essa imposição. Sendo assim, existem os homens trans, as mulheres trans e as travestis. Para além dessas formas de identificação, existem as outras muitas identidades que estão fora da imposição da sociedade, que diz que você tem que ser ou homem ou mulher. Dentro desse guarda-chuva podemos encontrar as pessoas agêneras (que não têm gênero), andróginas (um meio termo entre homem e mulher), os espectros da transmasculinidade e da transfeminilidade, que são as pessoas que em algum grau se identificam com o gênero feminino e masculino, mas não completamente. Por exemplo, uma pessoa pode ter sido designada como homem ao nascimento e se encontrar dentro do campo da transfeminilidade, mas não ser uma mulher binária, ou vice-versa, entre outras.
Existem pessoas não-binárias nas favelas, mas muitas vezes elas precisam fingir que não o são, precisam viver no armário ou apenas não têm oportunidade de falar sobre e são hostilizadas quando falam. O preconceito, o estereótipo de que se reivindicar como tal não é algo para a pessoa favelada e viver em uma sociedade que separa tudo, até nossa língua entre apenas feminino e masculino, jogam essas pessoas ao esquecimento, à margem da sociedade, à invisibilidade.
* Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, Rio de Janeiro, edição de novembro/2019
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