Criada pelo conselho fundador do Instituto Brasileiro de Audiovisual (IBAV) -organização sem fins lucrativos brasileira, dedicada ao ensino do cinema, composto em 1998 por personalidades como Oscar Niemeyer, além dos cineasta, Nelson Pereira dos Santos, Walter Lima Jr., Cacá Diegues e Ruy Guerra entre outros, a escola de cinema Darcy Ribeiro, situada na Rua da Alfândega, 5 – Centro do Rio de Janeiro, em uma ação declaradamente orquestrada e ofensiva ao cinema, à cultura e às artes nacionais recebeu ordem de despejo, o que poderá determinar após duas décadas, o seu fim.
Em áudio divulgado pelas redes sociais entre alunos, ex-alunos e cineastas a professora da escola e integrante da Abra (Associação de Roteiristas Brasileiros) Dani Reule, diz: “ A escola Darcy Ribeiro está para ser despejada pelos Correios. Estão pedindo que a escola simplesmente saia agora, o prazo é amanhã 25, porque os Correios vão ser privatizados e eles querem inventariar, pra entrar no leilão.”
A professora continua nos apresentando um detalhe importante para a justificativa da indignação, onde, pós segunda guerra mundial o prédio em questão, foi apropriado pela União no então governo de Getúlio Vargas, retirando o Deutsche Bank alemão do prédio, assim como outras propriedades referentes aos países alinhados as potências do Eixo, que saíram derrotados. Dani afirma: “A União cedeu o prédio aos Correios, no entanto os Correios não tem o RGI (Registro Geral de Imóveis)”, dando-nos a atenção, que por sua vez, os Correios cederam o prédio a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, que tem em sua posse documentos que o comprovam, desde o ano 2000. A Escola reformou e preservou o prédio até a data atual.
Em verdade o velho modelo neoliberal de entrega do património público, através de privatizações ou desestatizações, termo que o governo atual gosta por vezes usar, está umbilicalmente ligado ao chicago boy e ministro da economia brasileira, como corpo e alma. Não coincidentemente, em Davos, na Suíça, onde acontece o Fórum da Economia Mundial Paulo Guedes se reuniu ontem dia 23 com Nando Cesarone, presidente internacional de uma gigante da logística UPS, uma multinacional de entregas estadunidense. Fontes do Valor Econômico ressaltam que o tema foi o interesse na compra dos Correios- presidido pelo general Floriano Peixoto Vieira Neto. Entre outras estão interessadas gigantes como Fedex e Amazon e chinesa Alibaba, de acordo com Estadão.
Se durante essa sanha, for acompanhada elegantemente na bandeja, tanto a entrega de um patrimônio econômico, quanto a ruína de um patrimônio cultural, artístico como o cinema, o “Discreto Charme da Burguesia” entreguista e fascista, se fartará e a festa estará completa.
Por isso, cabe a mobilização, a articulação e a ocupação. A classe artística deve se apresentar as trincheiras, deve entender que a perda de batalhas compromete inteiramente a guerra pela liberdade de expressão, que estão sendo pontualmente travadas. Há de se reagir !
