Na contramão de todo preconceito acerca da cultura periférica, o multiartista Filipe Soares, 25 anos, decide abordar em num canal do Youtube conteúdos audiovisuais que refletem a comunidade em que vive em Salvador, a Boca do Rio.
O canal, recém formado, já exibe documentários que abordam a resistência dos moradores, projetos sociais, e até o preconceito com as “gírias de quebrada”.
“Convidei alguns amigos e conhecidos do bairro, uma das primeiras localidades da cidade construída através da resistência e pluralidade de sua população”, diz Filipe Soares, que além de videomaker é produtor cultural, fotógrafo, contador de histórias e graduando de jornalismo.
“O Conta Que Eu Conto era um blog que eu escrevia e fazia as entrevistas sozinho, mas agora ele passou por essa repaginada, para o Youtube, e tenho uma equipe que trabalha comigo, que são Gabriel Gomes e Daniel Alcântara, a gente edita junto, capta junto, faz tudo junto”, complementa.
“Através desse trabalho venho mostrar que falar gírias é algo positivo, que nasceu no gueto, nas periferias e precisa ser valorizado”, explica Filipe sobre O Gueto Fala, que já foi exibido no Colégio Militar da Bahia e na Semana de Curta Metragem e Cinema do IFBA.
O intuito do multiartista é levar para as periferias de Salvador os documentários, por serem da cultura da própria periferia. Ele acha importante que esse produtos audiovisuais sejam consumidos sobretudo nas favelas, onde o acesso à cultura é negligenciado.
Apesar de uma visibilidade maior ao veicular o produto em outros espaços, o cunho social, representativo e de valorização da cultura periférica o faz ter essa perspectiva mais direta sobre seu público alvo, além do fato de acreditar que a favela também é cultura e não apenas violência, o que já é mais do que evidenciado nas grandes mídias.
“O Gueto Fala, e chegou a hora de escutar”, reforça Gisele Valverde, jornalista, que assina o roteiro literário do documentário junto à Filipe Soares.
Assista agora O Gueto Fala: