Favelas são ignoradas nos boletins do coronavírus

Crianças sem aulas na Maré - Foto Michael Regan/ O Cidadão do Bairro Maré.

Favelas, complexos e periferias urbanas no Rio de Janeiro não figuram nas estatísticas oficiais do governo sobre os casos de coronavírus. A Secretaria de Saúde apenas informa que as suspeitas são encaminhadas para exames laboratoriais, que demoram entre cinco a oito dias para dar os resultados.  Confirmando, o caso entra no boletim informativo da cidade e do estado; não por bairro ou comunidade. Segundo o assessor Raphael Vaz Teixeira, os procedimentos adotados são os mesmos nacionalmente.

A reportagem tem feito contato com o UPA e a Clínica da Família e alguns postos de saúde da Maré para mais informações, mas a única resposta é “Ficar em casa de quarentena e só ir para o posto quando realmente apresentar todos os sintomas do vírus, para que não haja super lotação nas unidades de saúde.

Muitos agentes de saúde se organizam para uma grande ação de saúde na comunidade, ainda sem data. Houve reunião de planejamento na segunda-feira,16, com os responsáveis pelas unidades de saúde e seus agentes, mas nada foi informado à imprensa.

Quanto à população, a maioria segue as recomendações e fica em casa, mas muitos seguem suas vidas normalmente. Todas as instituições de ensino estão fechadas até segunda ordem e boa parte das ONGs e festas culturais estão desmarcando suas atividades para evitar aglomerações.

Um dos problemas mais sérios que a Maré enfrenta é com quem ficam as crianças quando os pais têm que se virar no corre e as escolas estão fechadas. Idosos, normalmente mulheres, são desaconselhadas porque são alvo preferencial do coronavírus e, nesta situação, muitas ficam largadas até a volta dos pais ou da mãe.