Mais um presidente adere ao bloco de Donald Trump e Jair Bolsonaro na defesa da “gripezinha”, contra as medidas restritivas de precaução adotadas em quase todo o mundo no enfrentamento da pandemia do coronavírus: o mexicano Andrés Manuel López Obrador.
Líder da nação com 130 milhões de habitantes, 367 casos e quatro mortes, Obrador, de 66 anos, circula pelo país pregando o abraço e o beijo, como fez agora no estado de Guerrero, um dos mais pobres do México, discursando, abraçando pessoas e beijando crianças. “Abraçar é bom” e “não vai acontecer nada” foram seus bordões repetidos à mídia que seguia seus passos.
Entende-se a posição negacionista do presidente mexicano, eleito com o slogan que propunha “trocar balazos (tiros) por abrazos”, num país dividido pelo narcotráfico e os grupos de extermínio. Obrador surgiu como opção ao cidadão comum, cansado da corrupção generalizada e do domínio dos fora da lei.
Não é, entretanto, a situação de Jair Bolsonaro no Brasil. Aqui, ele se elegeu prometendo extermínio de adversários, perseguições e é acusado de ligações com as forças paramilitares urbanas nascidas da falência do estado. Seu lema poderia ser traduzido em “trocar abraços por tiros”.
Curiosamente, os dois mandatários têm em comum no momento o desdém por quem os elegeu. López Obrador com seus santos católicos de devoção que, segundo diz, o protegem; Bolsonaro com sua arma na mesa de cabeceira velando pelo seu sono.
Acima dos dois, o terceiro grande negacionista do mundo atual, que assiste impávido ao avanço célere da pandemia dentro de casa: o presidente Donald Trump, que não gosta nem de brasileiro, nem de mexicano.