Os infectologistas alertam, desde o início da pandemia, que a resistência do vírus fora do organismo humano é forte, e em superfície de papel, por exemplo, é tanta que ainda no começo de março a Organização Mundial de Saúde chamou atenção para cédulas de dinheiro agir na disseminação do Covid19, e recomendou que as pessoas lavem bem as mãos após manusear dinheiro.
A melhor maneira de evitar mais esse risco é fazer os pagamentos com cartão, a solução lógica da classe média, mas e as classes C, D e E como ficam? Camelôs, feirantes, pequenos verdureiros, vendedores de frutas, sorveteiros, o pessoal do sanduíche natural não usam cartões de débito ou de crédito.
Grande parte deste público que transita à margem do sistema bancário vive nas favelas e comunidades periféricas das grandes cidades no mundo inteiro. No Brasil – e mais especificamente no Rio de Janeiro – esse público arrisca a saúde e a própria vida à espera de solução que o afaste do contato permanente com o papel moeda, fator óbvio de transmissão do coronavírus e propagador da pandemia onde circula.
Na China, o Banco Central passou a esterilizar o dinheiro através de raios ultravioletas (para as notas em papel) ou de fornos de alta temperatura (para as moedas). Mas, em localidades mais críticas, a medida tomada foi destruição do dinheiro como medida preventiva.
Se antes da Covid19, a atenção à higiene ao manusear dinheiro já era, de modo geral, um hábito, agora com o risco de contaminação é obrigação. Balconista em uma farmácia, o morador da Rocinha Fabio Ferreira Barros, 39, não descansa dos cuidados com a higiene e na prevenção no dia-dia.
“Geralmente eu uso dinheiro para fazer compras e ir no restaurante pegar a comida. Sempre que pego em dinheiro, ou lavo as mãos ou uso álcool em gel, que anda sempre comigo. Quando chego em casa, coloco logo a carteira numa gaveta e lá ela fica até eu sair de novo. Depois lavo bem as mãos” diz, ciente dos riscos de contaminação através do dinheiro.
Em recente pesquisa sobre o perfil de consumo dos moradores de favelas do Rio de Janeiro, o Instituto Data ANF constatou que mais de 45% fazem pagamentos em dinheiro.
Evitar é a recomendação da médica infectologista Débora Otero, que alerta para a necessidade de lavar as mãos a cada vez que mexer em dinheiro:
“O mais importante é a higiene de mãos e ficar atento para não levar a mão ao rosto. Com relação ao dinheiro, especificamente, tem que fazer higienização das mãos, e enquanto manipula não pode tocar no rosto, e até mesmo evitar encostar na roupa”, alerta a especialista, que sugere também fazer limpeza no local onde guardamos o dinheiro.
“Se for possível, uma vez por semana lavar a carteira ou a bolsa com uma solução em cloro, que também é eficaz para matar o vírus. Mas, isso é uma ação que se faz secundariamente, porque o dinheiro em si é muito sujo, né! Então, é muito importante higienizar as mãos. Medidas gerais devem ser sempre tomadas: álcool em gel, mas utilizar água e sabão é bem eficaz, porque consegue matar o vírus”, esclarece.