É incrível como as cores remetem-me a algum lugar do passado.

Quando passo por flores de vermelho intenso logo vem a lembrança dos casaquinhos de lã tricotados a mão. Levemente desfiados, mas jamais dispensados, o frio era frio intenso.

E o amarelo?!

Não era qualquer um, era o amarelo “queimado”. Lembro-me dele, porque costumava usar para colorir meus desenhos. É uma cor me deixa nostálgica. Me faz recordar da casinha amarela pela qual minha mãe e eu passávamos quando íamos à benzedeira. Sim, benzedeira… dessas que faz reza para tirar quebrante e mau olhado. Gostava de ir brincando pelo longo trajeto, no qual minha mente lúdica criava situações que jamais existira.

Às vezes revivo o passado e sinto saudades das casinhas simples de madeira no subúrbio de uma cidade gaúcha, onde passei minha infância. Recordo-me do cheiro de terra molhada nos dias chuvosos, pois as ruas não eram asfaltadas.

Ter morado numa casa humilde e pequena teve suas vantagens. A principal foi a de manter a família unida. Não tínhamos outra alternativa, mesmo em dias de guerra.

 As brigas que aconteciam em casa assombram-me até hoje, porém, o amor sempre vencia.

Vivi e revivo até hoje minhas doces lembranças e fico feliz em olhar pra trás e ver que fiz o melhor que pude – fui além do que esperavam de mim. Mas ainda não fui além do que realmente posso. Sempre alço novos voos e não tenho medo de cair. Conheço minhas capacidades e sei que sou vitoriosa desde que estava no ventre da minha mãe.

Jaqueline Alves é jornalista.