O que seria “adiantamento das férias escolares” parece trazer efeitos nocivos para o sistema de ensino, especialmente para a educação básica. A educação à distância foi adotada com a possibilidade de as secretarias estaduais e municipais de educação aceitarem ou não o modelo. No Rio de Janeiro, a proposta foi aceita e segue sendo implementada em diversas escolas, mesmo contra as recomendações do Ministério Público do estado e alvo de criticas de diversos profissionais da educação.
A realidade de Marcos Gabriel Cabral da Silva, da escola estadual Ciep 201 Aarão Steinbruch, em Duque de Caxias, que reclama da dificuldade de estudar à distância, a falta experiência, a ausência da interação com o professor e a dificuldade de conciliar a rotina com o ambiente virtual.
“Eu sinto muita falta dos professores em si, tipo, porque realmente passa a matéria e tal, mas não é aquela mesma coisa. Porque na aula física, mesmo na escola eu ouço a matéria, o conteúdo, a explicação e os debates em sala. Eu sinto muita falta disso”, ele diz.
Por um dilema parecido tem passado Brenda Guimarães de Andrade, do Colégio Estadual Santa Amélia, em Belford Roxo. Ela reconhece o esforço dos professores para que os alunos não percam o ano, mas, também sente a falta das aulas presenciais. Para ela, existe uma cultura do ensino em sala de aula que não pode ser rompida de forma tão incisiva, além do que em casa o aluno tem muita chance de se distrair. Brenda conclui:
“Eu entendo que mesmo à distância os professores se esforçam para trazer a matéria até a gente. Mas não muda o fato de que a sala de aula é muito melhor, não sei se é porque já estamos acostumados a ir à escola. Mas estudar em casa é péssimo.“
A escola é um espaço plural e democrático, não à toa que existem diversas visões de mundo e múltiplos posicionamentos sobre várias temáticas. Dois alunos do Colégio Estadual Santo Inácio podem representar melhor essa noção sobre a educação à distância. Laura Carvalho Pereira e Luiz de Santana Rosa têm visões opostas sobre os efeitos que esse modelo educacional tem na vida do discente.
Enquanto Luiz vê com “bons olhos” a educação à distância, Laura não tem nenhuma simpatia por ela. O argumento “pró” cita a flexibilidade do horário e facilidade para pesquisas rápidas, enquanto o “contra” chama a atenção para a ausência da interação e do colégio como espaço de sociabilidade.
“Eu estudo de manhã, logo vem o sono. Com essa aula a distância, você pode fazer às coisas a qualquer momento. Para mim, pelo menos para mim, se eu não entender algo, eu acabo puxando no Google ou no Youtube, que me ajuda muito. Eu estou gostando bastante”, Luiz admite. Do outro lado, Laura contesta:
“Não tenho mais vida social, porque a minha vida social era ir para o colégio e o curso, agora nem isso eu tenho mais. Não aguento mais ficar em casa, estou odiando esse aplicativo. A gente tenta responder os exercícios no aplicativo, mas fica travando”.
É difícil apresentar uma alternativa que minimize os estragos para os estudantes de uma decisão que não leva em conta as especificidades de cada aluno. No entanto, todos concordam que os alunos não podem deixar de estudar. Mas será que podem deixar de aprender?