Enquanto o presidente Jair Bolsonaro discursava, hoje, 17, na posse do Ministro da Saúde, Nelson Teich, defendendo abertura das fronteiras e do comércio e a retomada das demais atividades, o governador de São Paulo, João Doria, assinava no Palácio dos Bandeirantes a prorrogação da quarentena até 10 de maio, pelo menos, em todo o estado.
“Para reabrir o comércio e os serviços”, afirmou o governador, “precisamos controlar melhor a contaminação e ter o sistema público de saúde em condições de atendimento para salvar vidas”. As posturas antagônicas mostram, mais uma vez, a distância entre os governos federal e estaduais na luta contra a pandemia no Brasil.
São Paulo é o mais afetado pelo coronavírus, com 11.568 contaminações confirmadas e 853 mortes hoje. Há ainda 1.125 pessoas internadas em UTIs e, segundo o governo, há 1.800 leitos do tipo no estado.
“Nada vai adiantar se a população não seguir as medidas recomendadas. Agora tem que ser todo mundo em casa, pelo bem de todo mundo”, ecoou o prefeito da capital, Bruno Covas, alinhado com o discurso de Doria: “Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para diminuir a disseminação do vírus.”
Por outro lado, no embalo do presidente da república prefeitos do interior paulista têm emitido nos últimos dias decretos permitindo a reabertura parcial ou total do comércio. As regras do governo do estado, no entanto, continuam as mesmas, de fechamento de comércio para todos os municípios. O secretário da Saúde, José Henrique Germann, anunciou para esta sexta-feira reunião virtual com os prefeitos para reafirmar a necessidade de manter a quarentena.
Enquanto isso, em Brasília Bolsonaro disse na posse de Teich na Saúde que “essa briga de começar a abrir para o comércio é um risco que eu corro. Porque se agravar, vem para o meu colo”. E, mais adiante: “O que eu acredito? Muita gente já está tendo consciência que tem que abrir”. A troca na condução do combate à pandemia, longe de apaziguar, acirra os ânimos entre o governo federal e pelos menos 19 governos estaduais, que já anunciaram não admitir afrouxamento das medidas restritivas.