Maré e Complexo do Alemão vão debater propostas para os dilemas socioambientais da cidade. Atividade de dois dias nos territórios terá ainda exposições, exibição de curtas, música, performances e experiências de desenvolvimento local
DIA 16, NA MARÉ | Galpão Bela Maré – Rua Bittencourt Sampaio, 169, Maré, a partir das 14h
DIA 19, NO ALEMÃO | Travessa Soldado Adelino Cândido de Oliveira, Morro da Esperança (Pedra do Sapo), a partir das 9h
A Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio + 20, também acontece nas favelas cariocas. No sábado (16) e terça-feira (19) próximos, Maré e Alemão, respectivamente, reunirão moradores, ativistas e organizações de dentro e de fora, interessados em reafirmar o direito à cidade. O encontro acontece no momento em que líderes mundiais virão ao Rio deliberar sobre os problemas ambientais causados pelo atual modelo de desenvolvimento.
“A Favela na Agenda dos Direitos Sociais e Ambientais” é uma iniciativa conjunta do Observatório de Favelas, Verdejar Socioambiental, Redes de Desenvolvimento da Maré, Instituto Raízes em Movimento, Cooperativa de Reciclagem Eu Quero Liberdade e Fase — instituições criadas em favelas ou que nelas atuam. O principal objetivo da atividade é promover o encontro de experiências, práticas e proposições, tendo como referência territorial dois dos Conjuntos de Favelas situados ao longo da Av. Brasil (Maré, com mais de 130mil habitantes e Alemão, com cerca de 70mil), com histórico marcante de luta por direitos.
De acordo com Edson Gomes, coordenador do Verdejar — que atua na Serra da Misericórdia (RJ), onde se localiza o Conjunto de Favelas do Alemão — esta é uma oportunidade de mostrar ao mundo as contribuições dos espaços populares para a conservação e recuperação do meio-ambiente.
“Temos buscado desenvolver tecnologias sociais que enfrentem os problemas socioambientais dessas comunidades. Pensamos, portanto, em construir uma nova sociedade a partir da realidade da favela, e não a partir de fugas ou de soluções muitas vezes distantes dessa realidade. Para muitas pessoas como eu, criadas em favelas, pensar essa nova sociedade não inclui fugir da favela”, afirma.
O direito à cidade ocupará posição central na pauta. Sobretudo, porque desde que o Brasil foi selecionado para receber a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, grandes projetos urbanísticos tem sido implementados pelo Estado, expulsando sumariamente comunidades inteiras de espaços aos quais tinham direito.
“Remoção é uma palavra em ato que os moradores das favelas cariocas conhecem há mais de um século. Impedir a presença das favelas com a transferência forçada para lugares distantes significa tentar tomar das comunidades a legitimidade de suas lutas históricas para habitar a cidade”, diz Jorge Barbosa, coordenador geral do Observatório de Favelas.
“A Favela na Agenda dos Direitos Sociais e Ambientais” é uma das atividades autogestionadas da Cúpula dos Povos que produzirão propostas para a Assembléia dos Povos — momento em que a sociedade civil mundial se posicionará frente à Rio+20 oficial.