O Diário Oficial de hoje, 24, traz a demissão do delegado Maurício Valeixo da Direção Geral da Polícia Federal, assinada por Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, que negou sua assinatura na portaria, o que tornou sua situação insustentável no governo. No final desta quinta-feira, Bolsonaro já havia alertado o ministro da Secretaria Geral da Presidência, major PM-DF Jorge Oliveira, de sua possível transferência para o Ministério da Justiça.
Às 11 horas, no Ministério da Justiça, Sérgio Moro deu coletiva à imprensa que ocupou boa parte do tempo num balanço administrativo, inclusive recordes de apreensões de maconha e cocaína pela PF e pela PRF. Num rápido momento político, lembrou que foi Maurício Valeixo quem provocou o judiciário para impedir a libertação do ex-presidente Lula em decisão de juiz plantonista do Rio Grande do Sul. Num ato falho, depois de falar em “libertação ilegal”, mencionou “prisão ilegal”.
Mais adiante chegou a elogiar indiretamente a ex-presidente Dilma Rousseff, ao lembrar que ela não pressionou a Polícia Federal durante a Operação Lava Jato, enquanto agora Bolsonaro lhe disse mais de uma vez que quer alguém de suas relações, com quem possa trocar informações, pedir informações, e que não apenas o cargo do diretor geral, mas superintendentes estaduais também serão trocados. “Argumentei com o presidente que não serão substituições técnicas, e ele disse que são políticas mesmo”, contou o demissionário.
Moro revelou ter feito apenas um pedido a Bolsonaro quando foi convidado para o governo: que fosse garantida “uma pensão” à sua família, “se me acontecesse alguma coisa”, porque largava 22 anos de contribuição previdenciária como juiz ao renunciar à magistratura.
Observadores acreditam que Bolsonaro se sinta mais forte desde a saída de Luiz Henrique Mandetta da Saúde, como tem comentado com alguns interlocutores em Brasília. O raciocínio é simples: se Mandetta, com toda a popularidade, perdeu o lugar, no que se apoiaria o ministro da Justiça? Confirmando as expectativas, Sérgio Moro explicou em entrevista coletiva às 11 horas as razões de sua saída do governo.
O que políticos e jornalistas comentam com todas as letras é que as investigações da Polícia Federal sobre origem de fake news contra ministros do Supremo Tribunal Federal chegaram nos últimos dias a alguns deputados e ao chamado gabinete do ódio comandando pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro. A mudança na cúpula da PF teria o objetivo de blindar sobretudo os filhos do presidente da república