Pelo que veio a público do depoimento de oito horas de Sergio Moro à Polícia Federal em Curitiba, no sábado, 2, o ex-ministro não só saiu atirando como continua disparando a metralhadora contra o presidente Jair Bolsonaro. “Você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, denunciou Moro, confirmando a principal acusação que fez ao presidente, a de querer interferir na Polícia Federal em defesa de seus filhos e aliados.
Sergio Moro voltou a dizer o mesmo de sua entrevista de despedida do ministério: “O presidente falou no Palácio do Planalto que precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência”. Esta é a pedra de toque para provar a intenção de Bolsonaro de conduzir os trabalhos da Polícia Federal. O ex-ministro afirmou que a pressão sobre Valeixo “retornou com força em janeiro, quando o presidente disse que gostaria de nomear Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência, para o cargo de Diretor Geral da Polícia Federal.”
A Procuradoria Geral da República pediu ontem ao ministro Celso de Mello que sejam ouvidos nas investigações os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) para o esclarecimento dos fatos.
Ele também solicitou ao STF cópia do vídeo da reunião entre o presidente, o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros, e presidentes de bancos públicos, no último dia 22, no Palácio do Planalto.
A cobrança, segundo ele, foi feita verbalmente no Palácio do Planalto e “eventualmente” na presença do ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. “Esse assunto era conhecido no Palácio do Planalto por várias pessoas”.
Por trás de todas as ações de cerco ao presidente Jair Bolsonaro estão suas atitudes e posturas de romper o isolamento social da pandemia e a ordem institucional, comparecendo a atos em defesa do fechamento do Legislativo e do Judiciário, com poderes acima da Constituição ao presidente da república. Seu isolamento aumentou ainda no sábado, quando reuniu militares do governo e dos comandos para uma reunião, e no dia seguinte discursou que conta com o apoio das forças armadas. Os generais se sentiram enganados pela má-fé de Bolsonaro.