Apesar de o presidente decretar hoje, 7, que atividades industriais e da construção civil estão no rol das essenciais que podem funcionar no isolamento desde que obedecidas as regras do Ministério da Saúde, nada vai mudar por enquanto. As atividades estão liberadas e o decreto está valendo, mas o Supremo Tribunal Federal decidiu ontem, 6, que prefeitos e governadores são soberanos em suas fronteiras para dizer o que pode funcionar.
Bolsonaro promoveu mais uma ação de marketing para pressionar o judiciário, depois de liderar um grupo de empresários (lobistas, segundo alguns colunistas da imprensa) em visita ao ministro Dias Tóffoli, presidente do STF, nesta mesma quinta-feira. A visita aconteceu pouco antes do decreto, sinalizando que a reação do chefe do judiciário não atendeu as expectativas do setor. Paulo Guedes, ministro da Economia, o ajudante de ordens do capitão na audiência, falou sobre os desdobramentos nefastos para a economia. Sobre mortos e feridos na guerra à pandemia, nem um suspiro.
Sintomaticamente, Guedes mencionou Argentina e Venezuela como situações a que o Brasil poderá chegar chegar se mantiver as medidas de rigor recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e por médicos, cientistas e pesquisadores nacionais e internacionais. A Argentina tinha às 23h35 de hoje 286 mortos e a Venezuela, 10. O Brasil, 9.190. Em vista dos números, a comentarista Natuza Neri, da Globo News parece ter razão quando diz que Bolsonaro age como advogado das indústrias.