Reunião ministerial parece briga de botequim - Foto da internet

A gravação em vídeo da reunião ministerial de 22 de abril parece cada dia mais uma armadilha de Sérgio Moro que o ministro Celso de Mello armou no Palácio do Planalto para pegar o presidente da república. Moro citou a reunião como prova de que Bolsonario o havia ameaçado caso não aceitasse a troca na Polícia Federal, por isto o Supremo quer a gravação: para conferir se foi isso mesmo.

Mas a gravação promete mais emoções do que a simples intervenção indevida na PF, daí versões conflitantes e contraditórias sobre ela são divulgadas no entorno do presidente desde o ofício de Mello. Ora dizem que não há íntegra da reunião, porque só a Empresa Brasil de Comunicação, EBC, documenta as reuniões ministeriais, “em momentos pontuais”, como se fossem para distribuição à imprensa.

Ora dizem que a Secretaria de Comunicação é responsável pelas gravações e a bomba cai no colo de Fábio Wajntraub, o Secretário, que fez circular a versão de que nem viu a gravação. Ora alegam segredo de estado porque os assuntos tratados são sigilosos, portanto preservados em nome da segurança nacional. Por estranho que possa soar, esta versão é a que passa mais perto da verdade.

É sabido que a China foi citada na reunião em termos pouco elogiosos por Bolsonaro logo na abertura do encontro. Mas a frase mais potencialmente danosa dita na mesa, como registrou a repórter Taís Oyama na Folha de S. Paulo, não saiu da boca do presidente, e sim do seu ministro da Educação. Depois de comentar medidas tomadas pelo STF que desagradaram o governo, Abraham Weintraub afirmou que a corte era composta por 11 filhos da puta. “Um deles é o destinatário do vídeo. E ainda pode compartilhar com os outros dez o comentário ‘sensível’ do ministro”, conclui a repórter.

Uma reunião à altura da equipe, recheada de palavrões, xingamentos, desaforos e a ameaça ao ministro da Justiça, que no contexto não pesava tanto. Mas para Moro se afigurou como a oportunidade rara de exibir aos juízes, e por extensão à nação, a face do primeiro escalão do governo, a começar pelo presidente da república. Por tudo isto – e por se tratar de armadilha bem armada – o ministro Celso de Mello deu hoje, 8, prazo de 48 horas para o Procurador Augusto Aras se manifestar sobre as versões em torno da gravação.