O depoimento do empresário Paulo Marinho, ligado à família Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018, dado durante cinco horas à Polícia Federal ratifica que Flávio Bolsonaro foi avisado da Operação Furna da Onça sobre as “rachadinhas”, que atingiram em cheio seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, com seu assessor e ex-PM Fabrício Queiroz como administrador do esquema.
Igualmente grave é a informação de que a defesa de Queiroz foi informada em agosto do ano passado sobre o inquérito sigiloso da Polícia Federal no Rio de Janeiro implicando o policial militar aposentado. No mesmo mês, Bolsonaro resolveu demitir o superintendente da PF no Rio de Janeiro e chegou a tentar designar um nome de sua escolha, sem sucesso.
Na investigação sigilosa, Flávio e Queiroz são citados em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Coaf, e o acesso a esse caso se deu de maneira análoga à que Marinho contou sobre a Furna da Onça à repórter Monica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, no domingo passado.
Paulo Marinho disse que em outubro de 2018 um delegado da PF avisou assessores de Flávio que documento na Operação Furna da Onça, à época ainda na fase de investigação sigilosa, havia detectado suspeitas sobre Queiroz. Nenhum dos dois era alvo da apuração.
O problema da Polícia Federal no Rio de Janeiro é descobrir como os vazamentos ocorreram, inclusive e principalmente em investigações sob sigilo, favorecendo Flávio e Jair Bolsonaro desde outubro de 2018 até agosto do ano passado, quando as pressões do presidente sobre a Polícia Federal e o Ministério da Justiça se intensificaram.