“Fui otimista quando ouvi falar da epidemia que se espalhava na região de Wuhan, na China”, escreve Dráuzio Varela no início de artigo que se encerra com a admissão da realidade impossível que o país vive na pandemia: “A situação em que estamos não poderia ser imaginada nem sequer no mais terrível pesadelo”.
Entre as duas frases, o médico oncologista, escritor figura destacada na televisão quando o assunto é saúde desenvolve com mais informações do que cidadãos realistas ou negacionistas a cronologia que nos trouxe até este momento. E chega à triste conclusão de que o Brasil está a caminho da “humilhante liderança mundial na contagem do número de óbitos, tragédia considerada possível, e até provável, por epidemiologistas respeitados”.
Drauzio escreve que “logo que o primeiro brasileiro caiu doente, no último dia de fevereiro, ficou claro que o vírus já andava longe demais para ser contido. A julgar pelo que acontecera em outros países, era esperado que centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, se tornassem epicentros da epidemia, mas que a doença chegasse ao mesmo tempo a Manaus, Macapá, Fortaleza e Recife, separadas por milhares de quilômetros, foi surpreendente.
Embora pelo menos 80% dos infectados tenham evolução benigna, aqueles com apresentações mais agressivas que exigem internação em leitos hospitalares e UTIs, provocaram um estresse no sistema, que nem o SUS nem os planos de saúde estavam preparados para suportar.
O drama dos hospitais superlotados no Norte do país, Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife será repetido em outras capitais e em cidades menores à medida que a epidemia se interioriza. Se o vírus viajou da China para cá em três meses, há alguma razão para ficar aprisionado nas cidades grandes?”
A versão completa está na Folha de S. Paulo deste domingo em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2020/05/brasil-pode-assumir-a-humilhante-lideranca-mundial-em-obitos.shtml