A surpresa da manhã de hoje, 26, da Polícia Federal é o cumprimento do mandato de busca no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro e em outros endereços. A operação foi autorizada pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, para desbaratar suposto esquema de desvio de dinheiro público destinado ao combate à pandemia no estado do Rio. Segundo a PF são feitas buscas no Palácio da Guanabara, sede do Executivo fluminense, em sua antiga casa, usada antes de se eleger, e em um escritório da mulher dele.
Witzel reagiu indignado afirmou que não cometeu irregularidades e apontou interferência do presidente Jair Bolsonaro na investigação, e citou como prova o fato de a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) ter mencionado nesta segunda (25) ações iminentes contra governadores.
“Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada”, disse o governador.
O presidente, por sua vez, parabenizou a Polícia Federal pela operação, em postagens de apoiadores na internet: “Parabéns à Polícia Federal, fiquei sabendo agora. Parabéns à Polícia Federal”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre a operação que mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos no estado destinados ao combate ao coronavírus.
O inquérito no STJ foi aberto no último dia 13, com base em informações de autoridades de investigação do estado do Rio. Os mandados em cumprimento nesta quarta-feira foram solicitados pela Procuradoria Geral da República na semana passada e antecipados ontem pela deputada federal governista Carla Zambelli, interlocutora privilegiada do presidente Jair Bolsonaro.
Ao todo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 11 endereços. O governador seria ouvido nesta terça-feira, mas pediu para que o depoimento fosse adiado para que possa falar depois de ter acesso aos autos. A ofensiva contra Witzel era pedra cantada desde as mudanças na Polícia Federal em Brasília, e agora, na Superintendência no rio de Janeiro, como reação de Bolsonaro à postura do governador, sempre contrária à obsessão pelo fim do isolamento social. Aguarda-se, agora, alguma bomba contra o governador paulista João Dória.