Por Carlos Bruce Batista

O funk está aí, caminhando contra tudo e todos. Hoje, pode ser considerado um movimento cultural de caráter popular. 

Graças às agitações feitas através de diversas publicações de defesa ao tema, de contatos estreitos com os parlamentares, de espaços cedidos na mídia em razão da importância do movimento, o funk, em fim, fincou sua bandeira no Legislativo estadual.

Mas, como eu disse, ainda é muito pouco perto do que há pela frente.

A guerra contra a idéia viva no imaginário social de que os bailes são perigosos e violentos não será tão fácil quanto à guerra vencida há quase um mês.

Desmistificar os bailes será um trabalho mais sinuoso, que exigirá aprofundar o debate do funk para as classes populares. Significará, definitivamente, colocar o dedo na ferida!

A derrubada da lei 5625/08 e o reconhecimento do funk como movimento cultural, pode ter sido, aos olhares eleitoreiros dos nobres deputados, uma oportunidade de visibilidade única, em tempos midiáticos de exposição. Como assim foi.

Personagens conhecidos se debruçaram sobre a tribuna e espantosamente assumiram suas condições de “funkeiros” desde pequenininhos.

Os bailes que hoje em dia mobilizam todos os finais de semana, tranquilamente, mais de um milhão de jovens no Estado do Rio, venhamos e convenhamos, é um prato muito bem vistoso para as águias de plantão.

Agora, o que nem de longe pode ser considerado esplendoroso para esses mesmos personagens, sem dúvida, seria uma atuação no sentido de criar uma frente que se inclinasse, com o mesmo empenho demonstrado, a combater as incursões policiais genocidas nos morros e favelas, bem como não reproduzisse, mas combatesse o discurso intolerante de repressão às classes populares.

Repressão esta mascarada pelo combate ao “tráfico” de drogas, pelo enfrentamento ao comércio desordenado de ambulantes nas ruas, pelas ocupações policiais nos morros, pelas campanhas de segurança e ordem, entre outras.

Se o funk não fosse um estilo musical identificado pela juventude pobre, com certeza não precisaria de uma lei que o reconhecesse como movimento cultural e o retirasse da tutela policial.

Neste sentido, o combate histórico ao funk é necessariamente um embate as representações faveladas e que, portanto, só será cessado quando efetivamente fortalecermos as estruturas populares.