O texto abaixo é assinado por Verena Ferraz, estudante de justiça criminal na Universidade Pace, em Nova York, e começa com a referência ao Massacre de Black Wall Street, pacata e próspera comunidade na cidade de Tulsa, estado de Oklahoma, nos Estados Unidos. Integrada por negros, Black Wall Street foi invadida, saqueada e incendiada pela população branca da cidade, em represália a um crime jamais comprovado. Mais de 300 moradores foram assassinados e milhares perderam todos os seus bens. O episódio entrou para a história da violência racista norte-americana desde o ano de 1921, quando aconteceu. Até hoje não houve reparação ao linchamento da população e a destruição de Black Wall Street.
“Ontem fui a um protesto pacífico no 99º aniversário do Massacre de Black Wall Street. Todos esses anos depois, e parece que somos incapazes de aprender com a história. Eu assisti meus dois países, Brasil e Estados Unidos, ficarem ainda mais divididos sob as administrações de Bolsonaro e Trump. Ambas as nações têm um problema sério e generalizado com o racismo e a brutalidade policial. O sistema é inerentemente falho. “Black Lives Matter.” Trans, queer, masculino, feminino. CADA VIDA NEGRA IMPORTA. O primeiro passo para criar mudanças é reconhecer que há um problema. Reconhecer como o poder e os privilégios desempenham um papel em nossa sociedade é desconfortável, mas o que é um pouco de desconforto comparado ao medo, abuso e injustiça que a comunidade negra tem de suportar todos os dias? Nunca saberei como é ser negro neste país ou no Brasil, mas juro continuar ajudando da maneira que puder; seja através de doações, me educando, apoiando artistas/empresas negras ou simplesmente ouvindo as pessoas afetadas. Exorto todas as pessoas não-negras a dar uma boa olhada em si mesmas e pensar em como podem usar seus privilégios para elevar os outros. Se você está apenas falando sobre como nem todos os policiais são ruins, deixe-me colocar desta maneira: Ser policial é uma profissão escolhida. Os policiais tiram o uniforme em algum momento. Se você é policial, pergunte a si mesmo como é cúmplice e o que pode fazer para fazer alterações a partir de dentro. Não fique parado lá e ignore o fato de que a polícia foi criada para oprimir os negros, e é por isso que ainda estamos protestando em 2020. Criticar o sistema é válido e defendê-lo cegamente é parte do problema. Por outro lado, ser negro não é uma escolha. A comunidade negra não deveria ter que convencer ninguém de que suas experiências são reais. A ignorância na era da informação não é uma opção! Devemos ter essas conversas difíceis e responsabilizar nossos entes queridos e funcionários eleitos.
DIGA OS SEUS NOMES: GEORGE FLOYD, BREONNA TAYLOR, AHMAUD ARBERY, TONY MCDADE, JOÃO PEDRO PINTO, LUCAS CUSTÓDIO DOS SANTOS, MARIELLE FRANCO…”