Crédito: JC Comunitário

Na tarde desta quarta-feira, 03, moradores do Bairro da Paz, periferia de Salvador, fizeram um protesto para denunciar a violência sofrida pela juventude, em sua maioria negra, dentro da localidade. A manifestação aconteceu na Avenida Paralela, em frente a Estação do Metrô Bairro da Paz, próximo a entrada principal do bairro.

Os moradores incendiaram um coletivo na Avenida Paralela, com isso os ônibus do transporte público de Salvador deixaram de circular no Bairro da Paz ainda na noite de quarta-feira.

A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Rodoviários, na manhã desta quinta-feira (4), que até o fechamento dessa edição o serviço ainda não tinha sido normalizado.

Não há previsão para a retomada das atividades no local. Enquanto isso, os moradores precisam andar até a Avenida Paralela, para ter acesso ao transporte ou ao metrô.

Com faixas, cartazes e palavras de ordem, como: Vidas Negras Importam, queremos Justiça, representantes de organizações sociais, movimento negro e militantes moradores do bairro, caminharam do final de linha do bairro, passando pelas ruas principais, chegando até a Avenida Paralela, e interditaram a via com um ônibus pra evitar o trafego de veículos e assim poder chamar a atenção das autoridades públicas.

O ato foi para cobrar respostas sobre o assassinato de jovens moradores do bairro, segundo familiares eles foram mortos por policiais, após a invasão das casas onde eles moravam.

Para algumas pessoas que limitam seu olhar para o “transtorno” que o protesto causa na rotina dos motoristas de carros particulares, e ou passageiros no transporte público, e não percebem a importância dessa iniciativa, e por que não dizer, perigosa atitude também. Afinal, é preciso ter coragem para se expor diante de um protesto, que visa denunciar abordagens truculentas de alguns policiais, e a falta de respeito cometido por esses agentes públicos que devem agir para garantir segurança da população,  e se tornam algozes, e que podem observar para identificar os manifestantes para depois perseguir.

O medo de possíveis represálias é evidente, mas, calar diante de várias arbitrariedades, é manter impune os causadores desse terror. Para cobrar as devidas providências e identificar os responsáveis por tanta dor se faz necessário correr tal risco, e que a justiça possa amenizar o sofrimento de familiares e amigos das vitimas.

A luta contra toda forma de violência e principalmente contra o extermínio da juventude negra é uma constante, e não vai cessar, enquanto houver um cidadão amedrontado, haverá protesto, e valor da vida humana, vidas negras importam.