Protocolado pela bancada do PSol na Alerj e pelos deputados Waldeck Carneiro (PT), Enfermeira Regane (PcdoB) e Carlos Minc (PSB), na última sexta-feira, 5, o pedido de impeachment do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, tem como principal motivo o genocídio da juventude negra e favelada, além de atribuir ao governador uma série de crimes de responsabilidade. Nas últimas semanas uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal começou a investigar fortes evidências de fraude nos contratos de saúde no contexto da Pandemia da Covid-19.
A investigação acontece em um momento em que o Rio de Janeiro se destaca como segundo estado com maior taxa de mortalidade pelo coronavírus. Nas últimas três semanas, a taxa de mortalidade pelo coronavírus subiu de 6% para 9,09%, em todo o estado. Somente as favelas do Rio de Janeiro já somam mais mortos que diversos estados da federação.
Em 2019, sob comando de Wilson Witzel, a letalidade das polícias Rio de Janeiro bateu recordes. Em 2020, se aprofundou, inclusive durante o período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, com chacina no Complexo do Alemão e operações policiais que resultaram com a morte de mais crianças negras.
Esse duplo risco de morte, pelo coronavírus ou pela bala do estado, fez com que pessoas negras e faveladas rompessem a quarentena e fossem às ruas lutar pelo seu direito de ficar vivo. O ato com o mote “vidas negras e faveladas importam” reuniu milhares de pessoas no Palácio Guanabara no último domingo, 31 de maio, e exigiu do governador o fim das operações policiais e do assassinato da população negra.
A luta das ruas – do movimento negro e favelado – contra o genocídio em curso ocupou a Alerj e pela primeira vez foi utilizado como sustentação do pedido de afastamento de um titular de executivo estadual. Tanto o desvio de recursos da saúde pública quanto a política de morte em curso na segurança pública são expressões de um projeto genocida, que reúnem tanto Witzel, como Bolsonaro e Crivella.
(Texto produzido em conjunto com Mônica Cunha, fundadora do Movimento Moleque)