Atualmente em um cenário de pandemia do Covid-19, evitar aglomerações e higienizar as mãos são importantes medidas para frear a doença. Integrantes do coletivo Frente CDD, na Cidade de Deus, zona oeste carioca, ao perceberem que alguns moradores não tinham paciência em ver os telejornais tratando do assunto, decidiram conscientizá-los utilizando de uma linguagem mais própria e popular. “Imediatamente fui falar para as pessoas sobre uma higienização bacana para que não se transmita o vírus”, conta Renata Kelly, uma das idealizadoras do coletivo.
O vírus atinge com mais força as pessoas em maior situação de vulnerabilidade, os chamados invisíveis pelos governantes. Nas favelas cariocas, por exemplo, moradores enfrentam outras demandas para além da pandemia como: falta d’água, operações policiais fora de hora e poucas políticas públicas eficazes. Para começar o trabalho na luta contra o coronavírus, o coletivo teve que começar um trabalho de formiguinha e contar com parcerias para construir um novo diálogo entre sociedade e favela. Trabalho esse que tem ganho cada vez mais credibilidade entre os moradores da CDD, segundo Renata tiveram relatos de moradores que só estavam ficando em casa pois os integrantes do coletivo estavam pedindo.
O lema do Frente CDD é o famoso “nós por nós”. Com o passar dos dias, o coletivo percebeu a importância das doações de cestas básicas, além da necessidade de suporte
técnico e psicológico para a favela. “Já doamos muitas coisas, ovos, frango, kit de limpeza e higiene pessoal, máscaras e até ovos de páscoa, tudo higienizado com álcool em gel, utilizamos luvas e máscaras”, descreve Renata. Além dos kits o coletivo recebe o apoio do projeto social Banho de Alegria, que levou a Pia Do Bem para a Cidade de Deus. O projeto tem o intuito de fazer com que moradores de rua e trabalhadoras possam lavar as mãos.
O surgimento do “novo normal”, o isolamento na Cidade De Deus e o pós pandemia mundial são preocupações naturais dos coordenadores da Frente CDD, já que existe a possibilidade de comércios abrirem e locais públicos voltarem a funcionar normalmente. “Espero que possamos superar essa pandemia. Desejo que a Cidade De Deus possa crescer culturalmente e socialmente, que nós sejamos respeitados e o descaso social seja um assunto do passado para nos ensinar no futuro a começar enxergar o outro”, finaliza Renata Kelly.
Treinar a coletividade para prosseguir na luta diária por novas políticas públicas eficazes, que é um dever do poder público, para as favelas, subúrbios e periferias em tempos de pandemia mundial é um fomento necessário e aplicável a Frente CDD e tantos outros movimentos sociais existentes Brasil a fora. É necessário manter a chama de esperança acessa em todas as pessoas para que com união e clareza seja possível ter boas novidades para as gerações que virão.