Povo enche comércio popular e assusta autoridades sanitárias paulistas

Rua 25 de Março no auge do moovimento ontem, 10 - Foto da internet

O início da flexibilização adotada pelo governo de São Paulo encheu de tal forma as ruas de comércio popular da cidade ontem, 10, que as autoridades estão atônitas sobre o que fazer para evitar a volta da contaminação aos níveis anteriores ao isolamento social. “Não adianta os prefeitos baixarem regras estritas se a população não segue”, diz o secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, concluindo: “A responsabilidade da palavra é de quem fala e de quem ouve. Será que todos estão entendendo?”

Reple também faz parte do comitê de contingência para o combate ao coronavírus do governo estadual e se confessou “muito preocupado com as imagens que vi hoje”. Na verdade, aglomerações incríveis em tempo de contágio, falta do uso de equipamentos de proteção, empurra-empurra, filas; enfim, o cenário de um dia absolutamente normal numa grande metrópole. Em regiões como o Brás, por exemplo, onde mesmo em tempos normais o esquema de segurança não consegue impedir o comércio ilegal de rua, foi novamente tomado por milhares de ambulantes, e a 25 de Março reviveu dias de grande movimento.

As medidas tomadas para a volta gradativa ao funcionamento do comércio incluem a obrigatoriedade de camelôs e outros ambulantes ficarem apenas quatro horas na rua. Mas quem fiscaliza? Como? Estas são apenas duas das indagações que o governo paulista não tem como responder, entre outras razões porque confiou no discernimento e na responsabilidade de cada pessoa. Em tese, todo mundo deve se preocupar com a própria saúde, senão com a de quem está ao seu lado. A prática, no entanto, revelou o oposto, parecem todos dispostos a “morrer com o capitão”, como estampado no cartaz de manifestante em Brasília.