Estratégia militar funciona para enfraquecer Secretários de Saúde

Erick Vidigal está no rolo da operação policial no Pará - Foto da internet
A operação da Polícia Federal que atingiu o Secretário de Saúde do Pará e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Alberto Beltrame, dividiu o grupo do Conass, conforme a estratégia traçada no Palácio do Planalto e no Ministério da Justiça para enfraquecer a oposição ao presidente Bolsonaro no setor sanitário nacional. De um lado estão aqueles que veem uso político da Polícia Federal para intimidar os críticos e propuseram que todos entregassem seus cargos ou solicitassem auditorias dos tribunais de contas. Foram voto vencido. Nem para divulgar nota houve consenso. Recuaram neste sábado, 13.

 

O debate acontece no WhatsApp, com a presença de Beltrame, que não se posiciona para não advogar em causa própria. Os secretários que não aceitaram colocar os cargos à disposição e viam até a nota com cautela têm optado por falar pouco. Alguns deles nem atendem mais ao telefone. é o velho estratagema de dividir para enfraquecer e dominar, largamente empregado por militares desde os primórdios das civilizações.

Entre os mais enraivecidos com a ação da PF há a avaliação de que o presidente conseguiu o efeito esperado: atingiu a coesão do Conass e minou sua força. Nas últimas semanas, o grupo teve papel importante na pressão para que o Ministério da Saúde recuasse da decisão de restringir a divulgação de dados do Covid-19.

A operação da PF no Pará chegou a ser marcada e cancelada. Envolvidos no pedido dizem que o motivo foi o suposto envolvimento de Erick Vidigal, que era assessor da Procuradoria-Geral da República e que foi alvo de busca e apreensão. O primeiro pedido foi ao Superior Tribunal de Justiça no dia 22 de maio, mesma data que Vidigal anunciou o desligamento de suas funções. Se tivesse permanecido, a PGR poderia entrar nos endereços de buscas. No mesmo momento, ele também renunciou ao cargo na Comissão de Ética Pública da Presidência.