No dia 12 de maio Wilton Oliveira da Costa, morador do Complexo do Lins, zona norte do Rio de Janeiro, foi preso enquanto estava trabalhando no Hospital Federal do Andaraí. A acusação é que Wilton teria participado de um assalto. Segundo Marcelle, esposa de Wilton, seu marido foi preso por engano. “O irmão dele cometia os crimes e usava o nome do meu marido”, disse. Wilton, ou Sinha como é conhecido, cursa Educação Física na Universidade Estácio de Sá da Taquara e trabalha há mais de oito anos em uma empresa terceirizada, que presta serviços ao Hospital do Andaraí.
Segundo o advogado de Wilton, Reinaldo Maximo, não há dúvidas sobre a inocência do seu cliente, pois o mesmo já teve sete processos que foram indeferidos pelos juízes por falta de provas. O advogado diz ainda que o histórico dele é o contrário de alguém que comete crimes. “Ele trabalha no Hospital há oito anos, tem carta de referência, tem capacitação e tem estudo”, completou. O julgamento de Habeas Corpus acontecerá no próximo dia 23 em sessão virtual.
No mesmo dia do julgamento os amigos de Wilton farão um ato pela soltura dele. A hastag Sinha Livre, já ocupa o Twitter e o Facebook com relatos de amigos e familiares sobre Wilton. Para Marcelle a prisão de seu marido é como um julgamento só por ele ser preto, pois nem tiveram o trabalho de investigar se era mesmo o Wilton cometendo o assalto.
– Eu estou arrasada, me sentindo mal, minha filha chorou hoje dizendo estar com saudades do pai, eu falei pra ela que ele está viajando. É muito ruim se sentir impotente, conhecer alguém a vida inteira e saber que essa pessoa esta sendo acusada de um crime que jamais cometeria. Me sinto mal porque sei que isso é por conta da cor da pele do Wilton. Somos sempre mal vistos. Me sinto muito envergonhada. Sou estudante de enfermagem no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, sou preta, moradora de favela, mas não sou bandida. Minha família não merecia passar por isso. Ninguém merece passar por isso. Só quero que tudo isso acabe, desabafou Marcelle.