Fiocruz retoma liberação de mosquitos que combatem a dengue

Funcionário da Fiocruz libera mosquitos pela janela - Foto Fiocruz

A partir da próxima segunda, 22, a Fundação Oswaldo Cruz retomará as liberações de Aedes aegypti com Wolbachia interrompidas há três meses por causa da pandemia. Três bairros do Rio de Janeiro serão beneficiados de maneira gradual: Ramos, Olaria e Bonsucesso, durante 16 semanas, sempre no período da manhã, por meio do mesmo veículo utilizado anteriormente, identificado como SAÚDE FIOCRUZ. Não haverá interação entre os técnicos do WMP Brasil/Fiocruz e a população. Atividades do Método Wolbachia, suspensas desde março, serão retomadas respeitando o isolamento social.

“Durante o período de suspensão das atividades de campo, nossas equipes mantiveram as ações para manutenção da colônia de Aedes aegypti com Wolbachia, respeitando as orientações de segurança e higiene das autoridades de saúde. Além disso, estamos trabalhando em inovações para assegurar que a liberação de mosquitos com Wolbachia, bem como seu monitoramento, possam ser realizados com segurança neste cenário de pandemia. Não podemos esquecer que as arboviroses continuam circulando, mesmo durante a pandemia, e por isso é importante reativarmos a liberação dos Aedes aegypti com Wolbachia”, destacou o líder do Método Wolbachia no Brasil e pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira.

O Método Wolbachia do WMP Brasil/Fiocruz é absolutamente seguro: os mosquitos que carregam a bactéria Wolbachia não foram modificados geneticamente, não transmitem doenças e ajudam no combate à dengue, zika e chikungunya. O coronavírus é transmitido apenas através das gotículas de saliva e secreções de pessoas contaminadas; assim o Aedes aegypti não transmite esse vírus.

As atividades de monitoramento dos Aedes aegypti com Wolbachia, por meio das armadilhas do tipo BG instaladas nas residências e comércios de voluntários, ainda estão suspensas, pois envolvem a interação dos técnicos do WMP Brasil/Fiocruz com a população. Estas ações serão retomadas assim que houver orientações das autoridades de saúde. Outras ações de monitoramento, em parceria com o município do Rio de Janeiro através da malha de ovitrampas (recipientes que coletam ovos do mosquito) existentes, já foram retomadas no final do mês de maio.

O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia, um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, este microrganismo impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças. Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos existentes e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.