O Ministério Público Federal denunciou nesta sexta-feira, 3, em São Paulo, o senador José Serra, de 78 anos e um dos tucanos mais emplumados do PSDB, e sua filha Verônica, por lavagem de dinheiro internacional detectado pela Lava Jato. Foi autorizado o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões de uma conta na Suíça e de acordo com a força-tarefa, a informação está sob sigilo.
Oito mandados de busca e apreensão são cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro nesta sexta-feira nas investigações da Operação Revoada. Alguns dos imóveis alvos da operação têm ligação com o senador, inclusive a sua residência. Segundo o Ministério Público Federal, foram cometidos crimes até 2014. Em 2018, o Supremo Tribunal Federal decidiu que crimes atribuídos a Serra cometidos até 2010 estavam prescritos.
Segundo a denúncia, nos anos de 2006 e 2007, Serra “valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul. Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado pelos órgãos de controle.”
De acordo com as investigações, José Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra constituíram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou ao então governador paulista. Serra governou o estado de 2007 a 2010.
“Neste contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos valores, e os mantiveram em uma conta de offshore controlada, de maneira oculta, por Verônica Serra até o final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça.”
A delação de ex-executivos da Odebrecht é uma das principais bases para a acusação, que também usa a delação da Andrade Gutierrez e analisa extensas movimentações financeiras. A denúncia diz que Serra recebeu 936 mil euros da Odebrecht entre 2006 e 2007 no exterior, por intermediação do operador José Amaro Pinto Ramos. O dinheiro chegou em uma offshore controlada por Verônica. Daí teriam ocorrido várias operações financeiras para dissimular e ocultar a origem ilícita do dinheiro entre 2006 até, pelo menos, setembro de 2014.
O documento frisa que não houve “qualquer indicativo no sentido de que as operações ora imputadas tenham qualquer lastro em relações comerciais lícitas”.