Flexibilização social carioca daqueles que não são vistos

Bar dentro do Mercadão de Madureira funciona desde antes da flexibilização - Foto da internet

A volta dos bares e restaurantes na cidade do Rio de Janeiro ganhou espaço exagerado nas mídias, sobretudo pela aglomeração geral documentada no Leblon, bairro nobre da Zona Sul, na noite da quinta-feira, 2. Muita gente não apenas voltou à boemia, como fotografou e gravou vídeos criticando isolamento social, quarentena e até o vírus como responsáveis pela brusca interrupção da vida social.

Em outros pontos da cidade onde os notívagos são menos conhecidos e endinheirados, aquela mesma noite também foi de reabertura dos bares e restaurantes. Como já publicado aqui, diferentemente dos moradores do Leblon, os moradores das favelas e periferias cariocas muitas vezes não respeitam o isolamento social por questão de sobrevivência. Em sua grande maioria, precisam sair para trabalhar em bairros distantes de suas casas, eventualmente nos bairros como das Zonas Sul e Oeste.

Colaboradores da ANF relatam e trazem aqui relatos desses locais fora da mídia que também foram atingidos pelo afrouxamento do isolamento social.

Raquel Braga – Campinho

No início do isolamento social no Rio de Janeiro alguns bares, salões de beleza, academias e armarinhos no bairro de Campinho fecharam, mas não demorou muito para que surgissem outros bares, que foram apelidados de “Corona vírus”. Com a flexibilização do isolamento social, esses bares e os que já existiam antes da pandemia abrem normalmente sem qualquer cuidado ou normas. Além disso salões de beleza e praças estão sempre lotados e o BRT nunca passou vazio.

Juliana Loures – Madureira

Aqui em Madureira os bares já estavam lotados desde antes do decreto do prefeito, principalmente na parte perto do shopping, acho que nunca fechou. Agora, na Praça do Patriarca está enchendo de gente também. Os bares daqui da esquina sempre tiveram com gente, ou seja, para Madureira não existe quarentena. Meia dúzia de pessoas dentro de casa. Muitos homens resolveram voltar a soltar pipa também, e pouquíssimas pessoas de máscara. Semana passada acordei com umas 30 “cabeças” aqui na rua soltando pipa.

Wellington Melo – Rio das Pedras

No Rio das Pedras, tudo reabriu a todo o vapor, com bares já cheios, sendo que já tinha bar aberto desde antes do decreto liberar. Dentro dos bares, está tudo conforme a ordem: mesas separadas e distantes, cadeiras com marcações de onde pode, e não pode sentar. Mas do lado de fora do bar, não tem ordem, a aglomeração é grande e contínua.

Pâmella dos Santos – Pavuna

Os bares da Pavuna, antes da flexibilização, já estavam abertos normalmente como se nada tivesse acontecendo e com super lotações. Os moradores não respeitando a quarentena, a feirinha da Pavuna continua sempre cheia, crianças, idosos e grávidas na rua o tempo todo e a grande maioria sem máscara.