Por Aderlan Crespo
 
Algumas situações são tão absurdas, como as que ocorrem na política pública parlamentar brasileira (tanto do âmbito federal, estadual e municipal), que mais parece um espaço comum de se fazer e falar tudo que seja de mais agressivo aos cidadãos, que lutam para sobreviver, especialmente os assalariados que percebem um mínimo salário.

Deve ser muito simples para o Governador do Estado do Rio de Janeiro afirmar que foram vândalos que realizaram o protesto. Certamente, não deve ser  porque acordam cedo, utilizam um péssimo meio de transporte, superlotado, malconservado, velho, e que, após serem deixados por vinte minutos trancados, se revoltam, chamando a atenção da imprensa, e claro, da polícia.

No fato ocorrido na manhã do dia 07, segundo o governador, aquelas pessoas deveriam ter aguardado,sofrendo, dentro dos trens, como todos os dias.  Nâo deveriam ter saído pelas janelas, como pessoas não educadas, como fizeram. Deveriam tratar a questão formal e burocraticamente, formando uma comissão, para que, ouvidos, fossem recebidos, como vítimas, pelos burocratas da empresa supervia, que recebeu uma concessão pública e lucra cifras incalculáveis. Aquelas pessoas,vítimas realmente deste sistema, deveriam ter tido uma postura nobre, honrada, cortez, como qualquer cidadão da pós-modernidade, com a consciência de que devem contribuir  ao máximo para a manutenção da ordem pública, pois esta sim, é a maior finalidade de qualquer governo, que não pode ser ofendido por ações que desestabilizam a brilhante gestão do estado, que tudo faz por todos, inclusive os que mais precisam de ações do governo. A cidade do Rio de Janeiro, inclusive, será uma cidade olímpica, onde tudo será resolvido, todos sairão ganhando, mesmo que não consigamos ver tudo isto.

É senhor governador, tudo continua igual, é só aparecer e falar blá, blá, blá, blá….

*Advogado e professor universitário