Se o ódio foi o sentimento que venceu as eleições presidenciais de 2018, o amor ainda passa longe dos lares brasileiros em 2020. Não bastasse a prepotência e arrogância dos “bolsonaristas” ridiculamente enrolados em bandeiras verde-amarelas, o país passou a enfrentar a pior crise da humanidade com a pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19.
O Brasil registra até agora a triste marca de mais 70 mil mortos e 1,8 milhão de infectados e o Governo finge que não vê. O presidente descumpre todos os protocolos que poderiam evitar ou, ao menos, diminuir a disseminação da doença e faz graça diante das mortes acumuladas. Um ignorante posto no poder por uma classe média que se acha rica e empoderada.
Uma pena! O Brasil que já foi “love, love, love” na voz de Caetano, agora é apenas live, live, live nas mais bizarras apresentações musicais, onde artistas mostram suas salas e desnudam intimidades. “Pegue sua cerveja, arrume a mesa com o tira gosto e venha curtir a nossa live”, assim eles anunciam que o show vai começar.
E haja show. Show de horrores na TV e na vida real. Os hospitais lotados, contêineres instalados em estacionamentos à espera de corpos. Esse é o Brasil das lives. Vergonha internacional com brasileiros em cercadinhos em frente ao Palácio Alvorada e o coronavírus subindo a rampa, numa curva que nunca chega ao pico.
Quando se imaginava que chegamos ao fundo do poço o desgoverno cava mais uma pá. Há quatro meses trancados em casa, sob pena de contrair o vírus, a vida dos brasileiros com filhos em idade escolar passou a seguir um roteiro nunca imaginado.
A pandemia está obrigando pais a reunirem em um único ambiente tudo o que faziam no trabalho, as tarefas domésticas, além de acompanhar as vídeo-aulas e as lives com professores dos filhos.
O “home-office”, que já foi sonho de muitos brasileiros, acabou se transformando em pesadelo. Sem aulas presenciais e com atividades profissionais sendo realizadas em casa, a sobrecarga não está sendo fácil pra ninguém. Uma questão que já deixou de ser trabalhista para ser psicológica.
No final de 2019, antes da disseminação do vírus pelo mundo, o professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, Seteven Taylor, lançou o livro A psicologia da pandemia, resultado de dois anos de pesquisas sobre os grandes surtos que afetaram a humanidade em décadas e séculos passados.
Em entrevista à Agência Pública, ele afirmou: “O comportamento dos governantes é extremamente importante por várias razões. Os líderes do governo precisam liderar pelo exemplo, precisam mostrar às pessoas quais são as coisas importantes que elas devem fazer”.
Enquanto o presidente brinca de garoto propaganda da Cloroquina, remédio que não tem eficácia comprovada cientificamente contra a Covid-19, brasileiros ficam impedidos de sair de casa, acumulando tarefas, adoecendo física e psicologicamente.
Então se é o governo quem precisa dar o exemplo, estamos sendo condenados à morte. Se o caso já está afetando o psicológico e o governo faz cara de paisagem, o que será dos brasileiros? Precisamos de uma resposta urgente das autoridades. Elas foram eleitas para isso.
Conclamo a classe média empoderada para exercer o seu poder!
Vamos tomar um café?