Sari Corte Real é ré por abandono de incapaz com resultado de morte em estado de calamidade sanitária - Reprodução da TV

A justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de Pernambuco e enquadrou a primeira-dama de Tamandaré, Sari Corte Real, por “abandono de incapaz com resultado de morte”, com agravantes de crime contra criança durante calamidade pública (a pandemia). A mudança da acusação de homicídio culposo, proposta anteriormente, torna mais desconfortável a situação da ré, já que os promotores teriam dificuldade de vincular a ela a morte do menino Miguel Otávio, de 5 anos, ao cair do novo andar do prédio. Com a nova tipificação, o julgamento será pelo juiz e não pelo tribunal do júri.

O caso ainda mobiliza setores da opinião pública pelas circunstâncias apuradas pela polícia. A mãe da criança, Mirtes Souza, que trabalhava como doméstica para a família, havia descido para passear o cachorro da madame e Miguel passou a chorar chamando por ela. Incomodada, Sari interrompeu o trabalho da manicure e levou-o até o elevador, pressionando o botão do andar de onde o garoto caiu da altura de 35 metros por um acesso desprotegido ao espaço de ar condicionado.

A forte comoção pública que se seguiu ao dia dois de junho ganhou contornos mais graves quando a imprensa noticiou que Mirtes Souza e sua mãe, que também trabalha para Sari, são contratadas pela prefeitura de Tamandaré, e que a primeira-dama da cidade, que tem filhos de seis e três anos, consta no portal Dataprev como candidata ao auxílio emergencial de R$ 600. Seus advogados alegam fraude com seu nome.

O prefeito Sérgio Hacker, do Partido Socialista Brasileiro, também foi envolvido nas investigações policiais, tendo parte de seus bens bloqueados pelo Tribunal de Justiça do estado, juntamente com a Secretária de Educação de Tamandaré, Maria da Conceição Cavalcanti, sob suspeita de improbidade administrativa.

A denúncia do Ministério Público de Pernambuco contra Sari Corte Real foi recebida na noite de ontem, 14, pelo juiz da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, José Renato Bizerra. A defesa de Sari tem 10 dias para apresentar defesa e relação de testemunhas.